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Dinheiro na mão é vendaval!

em Artigos
terça-feira, 04 de maio de 2021

João Teodoro (*)

Há alguns anos, eu e dois de meus cinco irmãos constituímos e mantivemos, por 23 anos, uma próspera sociedade imobiliária em Curitiba.

Tínhamos muitos Corretores como parceiros. Um dos problemas que enfrentávamos era fazer com que nossos colegas poupassem para o futuro. Alguns simplesmente não conseguiam. Eram ótimos profissionais, mas péssimos autogestores. Para estes, definitivamente, dinheiro na mão era vendaval. Tão logo recebiam honorários de uma venda, desapareciam até conseguir gastá-los. Então, voltavam. Nada pior que isso num ambiente de altos e baixos, como o mercado imobiliário.

Eu sempre fui muito afoito. Comprava, quando não tinha dinheiro, como forma de me desafiar a consegui-lo. Felizmente, sempre consegui. No entanto admito que é muito arriscado. O autocontrole, dentre outras qualidades, como inteligência, ponderação, persistência e resiliência, é fundamental. Por isso, divido com meus pares um pouco do que aprendi ao longo da vida, e passei a praticar, com certa obsessão, a fim de alcançar uma vida tranquila, sem sobressaltos:

  1. Estipule metas, mas não exagere – Compromisso inatingível é sinônimo de frustração. Fazer mais negócios, adquirir bens e enriquecer é muito bom. Mas deixar de conseguir o que se planeja resulta em estresse e suas consequências. Por isso ambicione sempre, mas planeje sua ambição. Se houver rédito (saldo positivo entre seus rendimentos e despesas), esse é o seu potencial de investimento. Se quiser mais, terá de se esforçar mais. Neste caso, planeje de acordo com seu potencial e o do seu mercado.
  2. Avalie suas despesas. Muitas delas podem ser reduzidas – Depende só de planejamento e, talvez, de um pouquinho de sacrifício. Lembre-se de que o ano tem doze meses. Pequenos gastos poupados mensalmente podem possibilitar um bom investimento anual.
  3. Gaste menos do que ganha – Quem consome mais do que ganha, além do inevitável estresse, que prejudica a produtividade, não consegue investir. Sem investimento não há crescimento. Mas não esqueça: boa aparência e conhecimentos são indispensáveis investimentos profissionais.
  4. Poupança programada é fundamental – Qualquer um pode, informalmente, programar e fazer reservas mensais. Porém não é fácil resistir a tentações com dinheiro na mão. O melhor é ter compromisso formal, que nos obrigue, mesmo que tenha algum custo. Por exemplo: consórcio imobiliário, poupança programada, fundo de capitalização.
  5. Programe as compras de maior valor – Se puder, pechinche muito e pague à vista. Sai sempre mais barato. Se não, pesquise quem oferece maior prazo com menos juros. Distribua os pagamentos ao longo do tempo, a fim de não sufocar seu orçamento e não comprometer outros propósitos.
  6. Reserva de emergência. Imprevistos acontecem – A pandemia de 2020 é o exemplo mais radical. Reserva emergencial ajuda em caso de doença, acidente, desemprego e gap de mercado (período de “vacas magras”, em que nada se vende). O ideal é manter uma reserva equivalente a seis meses da renda média, que deve ser guardada em conta rendimento.
  7. Previdência privada – Além do INSS, aposentaria complementar é fundamental para garantir uma velhice tranquila. Mas a maioria das pessoas só percebe isso quando já é tarde.

(*) – Graduado em Direito e Ciências Matemáticas, foi professor de Matemática, Física e Desenho na PUC/PR. É técnico em Edificações e em Processamento de Dados. Foi presidente do Creci-PR por três mandatos, e do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Paraná de 1984 a 1986. No Cofeci, é presidente desde 2000 (www.cofeci.gov.br).