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Desafiar um mercado não é simples, mas impulsiona a inovação

em Artigos
segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Rodrigo Latini (*)

Já faz alguns anos que inovação e transformação digital se tornaram palavras tão comuns que até mesmo parecem algo banal ou que já perdeu a essência inicial.

Quando paro para pensar no real significado disso, sempre me questiono se o que está sendo proposto por uma marca está desafiando o mercado em que está inserido ou se é somente mais uma empresa se propondo a fazer algo “igual, mas diferente”. Isso porque, para mim, inovação nada mais é do que ter a coragem de dizer ao mercado: “as empresas estão fazendo errado e é preciso rever o propósito e a estratégia”.

Parece um pouco radical, mas a verdade é que o processo passa muitas vezes por “brigar” com o que vem há anos funcionando (mesmo que da maneira errada), para propor fazer de outra forma. E como qualquer mudança social ou comportamental, pode ser dolorosa e, portanto, é um desafio que não é nada simples e exige coragem. Mas por que mexer em algo que está dando certo? Porque durante muitos anos, não nos propusemos a pensar no que realmente precisamos, desejamos ou necessitamos.

Não é muito distante pensarmos que as empresas só querem vender o seu serviço e produto, lucrar e ver a conta no final do mês. Inclusive, isso ainda acontece muito. E por isso as vontades e necessidades do consumidor de um produto ou serviço muitas vezes passam longe das discussões de quem os vende. Nos últimos anos, passamos a ouvir mais sobre o conceito de Human Centered Design – o design focado no ser humano, nas suas problemáticas, desejos, necessidades e, a partir daí, de que forma os produtos ou serviços terão seu valor mais reconhecidos.

E isso propiciou muita inovação em diversos setores tradicionais e conservadores que só queriam vender a qualquer custo. Para exemplificar o que quero dizer, trago minha experiência no setor ótico nos últimos anos. Este é um mercado que sempre funcionou – ou pode ser apenas o que pensávamos também. Você já parou para pensar se realmente funciona? As pessoas compram o óculos unicamente pelo fato de precisarem, mas será que elas realmente percebem valor no serviço ou produto que está sendo entregue por uma marca ou só estão escolhendo qualquer produto para ter seu problema de não enxergar sendo resolvido?

Muitas pessoas e marcas nunca pararam para pensar nisso, mas o que vendemos no setor ótico é muito mais do que fazer pessoas enxergarem. Estamos falando de autoestima, de bem-estar, de nos sentirmos bem e sem nenhuma vergonha. Às vezes, as pessoas acham que inovar tem que ter necessariamente tecnologia envolvida, mas a verdade é que não está ligada somente a isso. Quando criamos a Zerezes, nos propusemos a olhar o profundo dos nossos clientes e dos utilizadores de óculos no Brasil.

Entendemos suas dores, o que estava intrínseco e que muitas vezes nem mesmo elas mesmo percebiam. E descobrimos que isso sim é inovar, e que envolve responder perguntas que nunca nos propusemos a fazer sobre os clientes e sobre os seus desejos, e dizer ao mercado: não é porque sempre foi assim que deverá continuar dessa forma.

Por mais glamuroso que possa parecer, inovar vai – muitas vezes – doer, mas quando as pessoas começarem a dizer que você transformou algo na vida delas, aí sim você perceberá que inovou e desafiou um mercado.

E isso não tem preço!

(*) – É sócio e CEO da Zerezes (https://zerezes.com.br/).