João Guilherme Sabino Ometto (*)
Produtores e empresários do agronegócio, em sua grande maioria, são os primeiros interessados na preservação.
É uma boa notícia para a economia nacional o anúncio que acaba de ser feito pelo IBGE, de que, em 2019, a safra de grãos, abrangendo cereais, leguminosas e oleaginosas, será 3,1% maior do que a de 2018. Serão 233,4 milhões de toneladas de soja, milho, feijão, arroz e outros produtos para abastecer o mercado interno, aumentar nossas exportações, fornecer matéria-prima para a agroindústria e incrementar a já substantiva participação da agropecuária na composição do PIB.
Os números, além de indicarem bem-vinda retomada do crescimento da safra de grãos, depois da queda de 5,9% no ano passado em relação a 2017, reforçam o significado do agronegócio para o País e a importância de que, no novo governo, a atividade seja objeto de políticas públicas eficazes.
Nesse sentido, são animadoras as primeiras sinalizações da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, quanto às metas de conquistar mais mercados, implementar o crédito, melhorar as estradas para escoamento da produção e modernizar a infraestrutura. De fato, precisamos muito desses avanços!
Também responde à expectativa dos produtores — e à proatividade da maioria deles em cumprir a legislação referente à vegetação e aos mananciais —, a declaração da ministra de que o Brasil é um país com legislação ambiental avançada, que soube preservar suas florestas nativas e matas ciliares.
Trata-se de referência à responsabilidade ambiental dos empresários do agronegócio, pois, obviamente, o País ainda precisa avançar muito no tocante ao combate ao desmatamento ilegal e nos projetos de redução da emissão de gases de efeito-estufa, conforme seus compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris. Mas, esta é outra questão.
Sobre o fator ambiental nas propriedades rurais, cabe comentar não haver motivo de preocupação pela mudança promovida pelo Governo Bolsonaro, de transferir ao Ministério da Agricultura o gerenciamento do Serviço Florestal Brasileiro. A medida gerou questionamentos, pois o organismo, antes vinculado à pasta do Meio Ambiente, é o responsável pelo Cadastro Ambiental Rural, que consiste no monitoramento dos imóveis do campo, coletando informações sobre suas condições, nascentes e vegetação nativa.
Independentemente do órgão encarregado do monitoramento ambiental das propriedades, os produtores e empresários do agronegócio, em sua grande maioria, são os primeiros interessados na preservação. Afinal, sabem que a terra não resiste à devastação e entendem com clareza o significado do equilíbrio ecológico para que biomas e ecossistemas sejam explorados de modo sustentável para a produção agrícola.
Se queremos um Estado menor e um governo menos intervencionista e mais indutor do desenvolvimento, precisamos valorizar e estimular cada vez mais a responsabilidade dos cidadãos e da sociedade sobre as suas próprias atividades, sua contribuição para o crescimento do PIB e sua consciência socioambiental.
É com esse espírito que o agronegócio tem se posicionado como forte alicerce da economia brasileira!
(*) – Engenheiro (EESC/USP), é vice-presidente do Conselho de Administração da Usina São Martinho e membro da Academia Nacional de Agricultura (ANA).