André Lima (*)
Seja inovador ou morra. A frase é forte, mas resume uma realidade.
Poucas empresas estão dispostas a realmente correr o risco da inovação. Pular desse penhasco sem saber se vamos aprender a voar exige coragem e muitas mudanças na cultura corporativa. O mercado já vinha dando sinais sobre a necessidade de uma reinvenção. Mas, agora, tal demanda tornou-se urgente: uma questão de sobrevivência e sem opção de escolha.
Vivemos um momento crítico, passando por uma pandemia sem precedentes e uma recessão econômica iminente, nascida justamente desse período de incertezas e de isolamento social. E como ficam as marcas nesse cenário? Não basta mais apenas “parecer”, é preciso ser real e transparente em um mundo em que os próprios clientes, ultraconectados e cercados de informação, são os vigilantes da verdade no discurso das suas marcas preferidas.
A receita é uma só: permitir o erro e criar como se não houvesse nada a perder, mesmo quando se tem tudo a perder. E a grande chave para tal inovação está na grande “nova” habilidade do século: a CRIATIVIDADE.
Somos acostumados a ouvir que as pessoas que possuem este dom são seres “iluminados” e que a criatividade é restrita a poucos profissionais ou áreas de atuação. Um bem inatingível, mais difícil de achar do que Uber em dia de chuva, o novo “petróleo” do mercado corporativo. E, aí, sorte de quem descobrir onde está essa fonte. Mas e nós, meros mortais, será que não podemos ser criativos e inovadores? Essa é realmente uma característica restrita?
Precisamos mudar nossa concepção. A criatividade está, de verdade, muito mais relacionada a processos, repertório e com a nossa real capacidade de resolver problemas. E se tem uma coisa que o ser humano realmente sabe é resolver problemas.
De tal forma, a cadeia criativa, então, não estaria mais relacionada a pessoas “iluminadas” trancadas em uma sala criando coisas. As novas ideias, as quais tanto buscamos e das quais tanto precisamos, devem nascer da troca entre pessoas, do desapego, da agilidade de testar, do erro. Algo que podemos chamar de “coragem criativa”. Porém, grande parte das empresas ainda não está disposta a correr esses riscos.
Os processos permanecem engessados, hierarquizados, mesmo quando a necessidade da mudança não é mais só uma opção. E como resolver esta questão e mergulhar de vez em métodos criativos e inovadores? Há três pilares que podem ajudar muito. O repertório: ouvir o que todos têm a dizer, experiências diferentes e uma equipe multicultural garantem muitas visões.
O olhar: entender realmente qual é o problema que precisa ser resolvido antes de dar qualquer passo. Uma frase da qual gosto muito é “não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas”. E a conexão: criar um ambiente físico e emocional que proporcione essa ligação entre os repertórios e as reais perguntas que precisam de resposta.
E, assim, talvez seja possível superar os nossos problemas, que neste momento parecem tão grandes e intransponíveis, como aquele chefão dos jogos de videogame, mas que também foi derrotado com a dose certa de estratégia, insistência e criatividade!
(*) – Publicitário, cofundador e diretor de criação da agência Batuca, é viciado em metáforas com futebol e apaixonado por pão com manteiga na chapa.