Lucas Vidigal (*)
A carreira esportiva de sucesso é o sonho de muitos jovens brasileiros.
Além da possibilidade de viver praticando o esporte que gosta, viajando para competições e conquistando medalhas e títulos, um dos principais atrativos é a remuneração, que pode atingir valores muito elevados dependendo da modalidade e do sucesso da carreira. Geralmente, ser um atleta bem sucedido é sinônimo de ter uma situação financeira que é, no mínimo, confortável. Pelo menos é o que se imagina.
No entanto, apesar do inquestionável sucesso na carreira, muitos atletas têm dificuldades para manter o padrão de vida após a aposentadoria. Não é raro surgirem casos de ídolos esportivos que enfrentam problemas financeiros após se aposentarem. E essa situação se estende à atletas de todo o mundo, que atuam nas mais diversas modalidades.
Uma pesquisa da revista americana Sports Illustrated aponta que 60% dos jogadores da National Basketball Association (NBA), a principal liga de basquete profissional dos EUA, vão à falência em cinco anos após a aposentadoria. O que leva muitos esportistas à ruína financeira após o encerramento das suas atividades é a falta de planejamento enquanto estão na ativa. Os fundamentos de um planejamento financeiro eficaz, que irá garantir o alcance da independência financeira, são os mesmos para atletas de alta performance, médicos ou empresários.
A particularidade dos atletas é que suas carreiras tendem a ser naturalmente mais curtas que as de outros profissionais. Enquanto médicos e empresários possam seguir crescendo profissionalmente ao longo de 30 ou 40 anos de carreira, inclusive aumentando sua renda e construindo seu patrimônio, atletas de alta performance começam a enfrentar a limitação natural para a continuidade da carreira em muito menos tempo. Assim, atletas frequentemente têm apenas 20 anos, ou menos, para construir um patrimônio capaz de manter o seu padrão de vida na aposentadoria.
Para isto, é preciso se planejar e agir com consciência. Apesar de viverem uma rotina de treinos intensa, que ocupa boa parte do seu tempo, atletas de alto rendimento também precisam dedicar um tempo para organizar suas finanças. A renda proveniente do trabalho por si só, por maior que seja, não deixa ninguém rico. Apenas permite que o profissional viva uma vida muito boa, enquanto está ativo.
Porém, qualquer pessoa que obtenha sua renda única e exclusivamente do seu trabalho, será incapaz de manter um bom padrão de vida quando decide (ou precisa) parar de trabalhar. Neste momento, não tendo construído uma reserva financeira adequada, sua renda cai vertiginosamente e o atleta se vê obrigado a se desfazer de parte do seu patrimônio, podendo até mesmo ir à falência.
A verdadeira riqueza financeira está em conseguir viver a vida dos sonhos sem precisar trabalhar. Isto é possível, desde de que se controle seus gastos e faça bons investimentos ao longo de toda a sua vida produtiva.
Além da dedicação aos treinos para se tornar um profissional melhor, se o atleta quiser manter sua qualidade de vida mesmo depois de se aposentar, ele deve ter também a disciplina para organizar suas finanças e pensar no futuro. Poucos atletas profissionais consideram que seu período em atividade provavelmente será curto, e que estão sujeitos a imprevistos como a interrupção precoce da carreira em virtude de lesões.
Por isso, fazer investimentos assertivos desde cedo, pensando no médio e longo prazo, é fundamental. A aplicação mais adequada varia de acordo com a renda, com o momento de carreira e com os objetivos de cada um, mas é fundamental que o atleta construa uma carteira de investimentos diversificada, capaz de te prover a ele e a sua família o padrão de vida desejado na aposentadoria.
(*) – É diretor da Scopo Finanças Pessoais.