Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
A desconstrução do Brasil começou com o descuido no preparo das novas gerações e na aceitação da corrupção endêmica. E como regredimos!
As famílias constituídas por imigrantes europeus tinham mais consistência do que as brasileiras da atualidade que desaprenderam a letra do Hino Nacional e as cores da bandeira. A partir dos anos 1970 experimentamos um declínio continuado que exigirá muitas décadas para a recuperação, desde que haja vontade forte de construir um país decente e humano.
A economia é formada por um conjunto de fatores. Há quase 40 anos o Brasil entrou na espiral reversa que gira para baixo pagando dívidas, cedendo espaço aos corruptos, e essa prática vem se mantendo até hoje. Decaímos na educação, na atuação do governo, no relaxamento das contas internas e externas. Enquanto nossa produção industrial estagnava e encolhia, a dos outros países ganhava com a economia de escala e se aproveitava da política adotada no Brasil de combate à inflação com valorização cambial e juros elevados.
Não era preciso investir em pesquisa e desenvolvimento, pois importar era a solução. Um golpe mortal. Sem seriedade, as instituições denegriram a democracia para atender a interesses pessoais. Estamos no limite. Segundo analistas, a corrupção é endêmica e deve ser erradicada com a colaboração e integração das forças idôneas da nação. Mas se essas forças não fizerem prevalecer a justiça e a busca de um país sério, o futuro da pátria será sombrio. Como reconstruir o Brasil?
A universidade tem a missão de formar seres humanos de valor para que contribuam para a melhora das condições de vida. Politicagem, ideologias de plantão, carreirismo e busca de sucesso pessoal, tudo tem contribuído para o declínio do padrão. As instituições de ensino teriam de ser neutras e equivaler a centros de saberes para o bem da humanidade que tem de abrir os olhos e procurar o conhecimento do significado da vida.
O homem tem depredado a natureza incansavelmente para atender à sua cobiça, sempre querendo mais. De longa data, pessoas eruditas acalentam o sonho profético do domínio milenar com a administração planetária em suas mãos. Mal sabem que acima de tudo atuam as leis da Criação que agora mostram a sua força para colocar o homem em seu lugar. As mudanças climáticas estão trazendo furacões, revezamento de calor e frio intensos, e chuvas em excesso ou insuficientes que avançam pelo planeta.
Novos desafios se sobrepõem aos já existentes na economia, religiões e conflitos raciais. Desde 2007, onze países estão construindo um muro verde na África, de leste a oeste, para atingir oito mil quilômetros de extensão por quinze de largura. Uma proeza ambiental. Quando não havia árvores, o vento escavava e desgastava o solo. Mas está mais protegido agora. As folhas viram compostagem e a sombra aumenta a umidade do ambiente. Assim, há menos necessidade de água. O muro verde retém a desertificação e as pessoas permanecem na região. No Brasil, o manto verde da Amazônia está sendo dilacerado. A consequência será o inverso.
Neste dramático século 21 que assinala os mais estapafúrdios comportamentos da história da humanidade, observamos inquietude e desorientação de almas que não exercitam mais o seu querer, e vão vagando pela vida atrás de ilusões, desperdiçando o precioso tempo. O futuro é sempre consequência dos caminhos trilhados.
De forma simples, colhemos o que semeamos; os sábios percebem isso e conseguem prever o futuro. Num mundo onde as almas foram esquecidas, só se pode esperar pelo enrijecimento voltado para a dominação.
O bom futuro depende da exata compreensão do significado da vida e das leis universais que a regem.
(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). E-mail: ([email protected]).