Albert Go (*)
A pandemia do novo coronavírus provocou um aumento na demanda de entregas de diferentes tipos de produtos: alimentos prontos, itens de supermercado, remédios e presentes, entre outros.
A alta procura pelos serviços de entrega tem impactos na infraestrutura e na força de trabalho em diversos estabelecimentos no mundo. Para a grande maioria das empresas no Brasil, incluindo as consideradas essenciais pelo governo, o serviço de entregas tornou-se a única maneira possível de manter os negócios funcionando. Por esse motivo, quando propomos a discussão sobre o “novo normal”, depois da pandemia, a expectativa é que a maior demanda pelo delivery permaneça.
Acredito que, durante a pandemia, ficou claro que qualquer produto pode ser entregue. Isto não quer dizer, entretanto, que estruturar uma estratégia de logística seja uma tarefa fácil. Muitos empresários que ‘resistiram’ a entregar seus produtos antes do isolamento tiveram que rapidamente procurar alternativas para continuar funcionando.
Vivemos uma verdadeira mudança no comportamento do consumidor. Tal transformação impacta toda a cadeia produtiva, pois o fato de os consumidores estarem evitando as compras em lojas físicas não quer dizer que o consumo diminuiu – ele apenas migrou para o e-commerce. Nos Estados Unidos, por exemplo, a demanda cresceu tanto que alguns dos maiores players de vendas online alertaram sobre possíveis atrasos e indisponibilidade do delivery no mesmo dia ou no dia seguinte à compra.
Mas em meio às incertezas, podem existir muitas oportunidades. Uma pesquisa do Business Continuity Institute descobriu que mais de dois terços (69%) das empresas não conhecem todos os estágios da cadeia logística de seus produtos, o que pode levar a dificuldades no planejamento e na reação a situações atípicas, como a pandemia que estamos vivendo ou crises econômicas localizadas.
Com isso, as pequenas e médias empresas (PMEs) estão em posição vantajosa porque podem dinamizar rapidamente, aproveitando a tecnologia existente e adaptando-se às mudanças mais facilmente.
A verdade é que as necessidades do mercado estão mudando e os serviços de entrega precisam se adaptar rapidamente às novas demandas, especialmente agora, pois a segurança no transporte de produtos é primordial.
Além dos custos mais acessíveis, a eficiência ganhou um papel mais importante do que nunca. Com isso, a implantação de serviços de entrega terceirizados pode ser uma opção capaz de manter os custos baixos. Acredito que, da mesma forma que foi difícil prever as medidas para controlar a crise, prever as circunstâncias pós-coronavírus não é uma tarefa exata.
No entanto, há algumas tendências que devem se fortalecer, como, por exemplo, a criação de empresas de qualquer setor que funcionarão apenas como delivery. Por praticidade e também por segurança, cada vez mais os consumidores irão adotar práticas cotidianas online, sem sair de casa. E, como vivemos uma época volátil, incerta, complexa e ambígua, todos os empreendedores devem ficar atentos a mudanças no seu modelo de negócios.
Quem estiver mais preparado para as mudanças terá mais oportunidades de crescimento.
(*) – Formado em Gestão de Negócios e Negócios Internacionais, é diretor regional de Lalamove na América Latina (http://www.lalamove.com/brasil/home).