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Como ensinar as gerações futuras?

em Artigos
sexta-feira, 03 de abril de 2020

Carlos Walter Dorlass (*)

Essa epidemia é diferente de todas as anteriores, pois no momento não há esperança de medicamento ou vacina a curto prazo em escala necessária para combatê-la.

O seu risco vai muito além das dezenas de milhares de pessoas que já morreram e das muitas mais que morrerão. Seu maior problema é que ao causar o colapso de sistemas de saúde, o vírus aumenta a mortalidade de outras doenças. Espalha o pânico, aumenta significativamente a pressão social e política, paralisa a economia, a logística e desestrutura ecossistemas sociais e econômicos.

Ao avesso do que acham muitos, as soluções para os desafios da saúde e da economia mundial e brasileira estão intrinsicamente ligadas. Diante do cenário apresentado, como as escolas e professores devem garantir o desenvolvimento das futuras gerações?
Conforme a pesquisa da consultoria Mckinsey, os alunos do século 21 serão estimulados em soft skills, ou seja, em habilidades comportamentais e competências que envolvem elementos como a criatividade.

Isso não significa que o conteúdo das disciplinas fique em segundo plano. É preciso continuar investindo no conhecimento, porém, gerando uma nova personalização da transmissão desse conteúdo, com mais humanização, respeito às diferenças e o próprio ritmo do aluno. No ensino contemporâneo, a criatividade deve ser trabalhada de forma conjunta com outros aspectos como saber trabalhar em equipe e resolver problemas.

Hoje, os jovens devem utilizar a criatividade para solucionar dilemas que ainda são incomuns e não têm soluções prontas, assim, eles são provocados a pensar nelas. Para as escolas, é preciso associar a criatividade à capacidade de execução, autonomia e protagonismo. Por esse aspecto, as disciplinas curriculares não perdem seu peso na formação do aluno.

Além disso, é necessário desenvolver a empatia que é a capacidade de vivenciar a dor e a alegria de outra, mesmo que a ligação entre elas não seja muito próxima. Basta apenas que se tenha o coração aberto para entender que cada ser humano é único e passa por situações distintas, que acabam por moldá-lo. Se pararmos e pensarmos, veremos que para se ter empatia, é preciso, minimamente, saber ouvir e simpatizar com as dificuldades do outro.

Possuir uma bagagem cultural maior, associada às áreas de conhecimento, por meio de disciplinas como matemática, biologia, física, química, geografia, filosofia e outras, ajudará o aluno a pensar de forma diferente (mindset) e encontrar as soluções aceitáveis, executáveis e sustentáveis, combinando a criatividade com esses elementos.

Neste novo mundo que nos acena pós-pandemia, acredita-se que as habilidades pessoais serão ainda mais valorizadas. Os estudantes terão cada vez mais que ter uma noção de mundo muito mais universal e muito menos local. A formação de cidadãos globais, que busca por meio do aprendizado uma maneira de responder às necessidades de sua sociedade, deve ser o foco dos educadores.

Deste modo, saberemos, sem titubear, que estaremos oferecendo para o mundo sujeitos que sabem que a vida deve estar sempre em primeiro lugar.

(*) – É Diretor Geral do Colégio Marista Arquidiocesano, em São Paulo.