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Começar de novo

em Artigos
terça-feira, 24 de maio de 2016

Ricardo Martins (*)

Nossa comemoração ao Dia da Indústria, em 25 de maio, este ano tem um sabor diferente.

O sabor da vitória sobre a inércia, da união que tornará nosso futuro mais seguro. Todos sabem que os próximos meses do governo de transição será um período difícil, mas, depois de um ano e meio mergulhados na crise, qualquer estabilidade econômica já é um grande alento e esperança de um Brasil melhor para a população e para a indústria nacional. Para nós, brasileiros, chegou o momento de começar de novo.

Antes mesmo da decisão do Senado Federal, pelo afastamento de Dilma Roussef, Temer já se reunia com lideranças de notáveis, políticos e empresários para compor sua equipe de governo. Foi num desses encontros que Fiesp/Ciesp apresentaram, ao futuro chefe de Estado, o plano com propostas de ajuste fiscal, mas sem elevação de impostos.

O estudo “A crise econômica brasileira: causas, efeitos e o caminho para retomada do crescimento” comprova que, no rumo que a economia brasileira seguia no governo Dilma, as despesas públicas vinham crescendo de maneira insustentável, gerando déficits primários cumulativos: a cada ponto porcentual de aumento do PIB, a arrecadação aumentava 1,5.

Parece que a tese foi bem compreendida pela nova equipe de Governo. Em seu primeiro pronunciamento à Nação, Temer salientou: “De imediato, precisamos restaurar o equilíbrio das contas públicas, trazendo a evolução do endividamento no setor público de volta ao patamar de sustentabilidade ao longo do tempo. Quanto mais cedo formos capazes de reequilibrar as contas públicas, mais rápido conseguiremos retomar o crescimento.”

A retomada do crescimento e dos investimentos estrangeiros, necessária para consertar a economia brasileira, passa por reformas estruturais dolorosas e impopulares no curto prazo. Além do corte nos gastos públicos, o que os empresários esperam são as reformas fiscal, trabalhista, previdenciária, a simplificação da burocracia e o incentivo à produção e ao comércio exterior. O caminho correto, para a retomada do crescimento, passa não somente por um ajuste emergencial no orçamento, como também uma reforma estrutural no gasto, na receita, pela melhoria da gestão e aumento da eficiência do Estado.

O estudo revela que, nos últimos dois anos (2014-2016), até a Argentina cresceu mais que o Brasil. No período, o PIB dos hermanos acumulou alta de 3,4%, enquanto o Brasil amargou perdas acumuladas de -7,4%. A retomada da economia, no entanto, depende da recuperação da confiança e da credibilidade nos gestores. Com Henrique Meirelles no comando do Ministério da Fazenda, espera-se, haverá um choque de credibilidade no cenário macroeconômico do Brasil.

O presidente em exercício garantiu que, com base no diálogo, adotará políticas adequadas para incentivar a indústria, o comércio, os serviços e os trabalhadores. A FIESP e o CIESP acreditam que Michel Temer assumiu o governo com vontade de acertar, por isso as entidades representantes das indústrias se propõem a colaborar.

Não pensemos ingenuamente que toda crise do Brasil será solucionada pelo impeachment, mas tenhamos a certeza, que milhões de pessoas, que estiveram nas ruas no mês de março, sabem que a força da vontade popular é imperativa para mudar os rumos da Nação. Façamos a nossa parte, apoiemo-nos neste recomeço. Saibam que as entidades representativas da indústria Ciesp e Fiesp estarão atentas para fazer valer o nosso direito de produzir e de fazer crescer os nossos negócios.

(*) – E diretor do Ciesp – Distrital Leste (www.ciespleste.com.br); foi diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp. É vice-presidente do Sindicato Nacional das Indústrias de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos. ([email protected]).