Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
Muito se fala em civilização e valores e nas conquistas realizadas, mas o que se vê é a continuada decadência da humanidade.
As novas gerações foram conduzidas para uma forma de pensar com pouca esperança e pouca responsabilidade. Não há mais preocupação com a construção de melhor futuro nem com a compreensão do significado da vida. Precisamos saber por que estamos perdendo a capacidade de construir de forma beneficiadora.
Está faltando um grande estudo que aponte as causas reais e soluções para a regressão da humanidade em suas cidades decadentes e violentas. O grande recuo prossegue. Aprimoramento e melhores condições vão sendo postergados devido a interesses imediatistas. Despreparo da população, ignorância, doenças e desnutrição formam o cenário em áreas comprometidas.
Escassez de água potável, destruição de florestas e do solo, aquecimento global, desorganizaram a sustentabilidade antes que tivéssemos compreendido o significado da vida. Foram séculos de irresponsabilidade e descaso. A desesperança e a descrença no destino da humanidade crescem. Agora os frutos amargos estão sobre a mesa. O pavio está queimando faz tempo; é preciso cortá-lo antes que a bomba exploda e percamos o status de espécie especial na gestão do planeta e sua sustentabilidade.
A decadência moral e cultural se torna cada dia mais evidente. O aumento e a multiplicidade das tragédias já não espantam mais. Em vez de evoluir, permanecemos estagnados num nível muito abaixo de onde deveríamos estar, espalhando sofrimento e miséria. É desalentador o despreparo dos jovens. Educar é preparar para o trabalho e para a vida. Ler, escrever, perceber a magia dos números, constitui o básico.
O ser humano precisa saber por que nasceu no planeta Terra, dotado de especiais condições com rios, mares, solo, ar, florestas; isso é fundamental para a formação de pessoas responsáveis que compreendam a vida, e cujos cérebros funcionem em conjunto com as almas, possibilitando trabalhar com mais eficiência. As ásperas condições gerais no planeta decorrem do atraso espiritual. A globalização agravou o problema que já vinha desde a exploração colonialista e que colocou economias de diferentes estágios em confronto direto.
Cada país deveria ter buscado internamente soluções equilibradas para que a sua população não tivesse que migrar para outros locais por falta de condições adequadas para a sobrevivência condigna. Michel Chassier, novo presidente da Frente Nacional na região Centre-Val de Loire (França) destacou: “Há concorrência desleal entre os países, o que desvaloriza os salários. Então é preciso encontrar o equilíbrio de aproveitar a integração comercial sem que ela represente um risco social”.
Com o aumento da incerteza econômica e social, crescem os movimentos de massa. Falta fazer uma pausa para refletir sobre a situação com objetividade e sinceridade na busca de soluções viáveis. Estatísticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) demonstram que há 201 milhões de desempregados no mundo, mas é bem maior a quantidade de pessoas em condição de pobreza extrema e sem ocupação.
Especialistas apontam o baixo crescimento da economia como a causa principal, mas não haveria outras formas de oferecer trabalho e renda? Há desequilíbrios que precisam ser encarados para que possamos reconhecer que existem meios mais salutares para a utilização da mão de obra. No entanto, dada a estruturação da produção, há muitos interesses para que se mantenha a situação do jeito que está.
No longo prazo, teremos consequências desagradáveis, embaraçando ainda mais a evolução dos seres humanos.
(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Email: ([email protected]).