Rodolfo Schneider (*)
A máxima de que o Brasil é um país solidário sempre esteve presente no imaginário do brasileiro.
Somos um povo que sofre com os acontecimentos da sociedade, as tragédias, os acontecimentos da rua de casa, do bairro e até do país. Mas será que sabemos como empregar nossos principais recursos em prol de atos de solidariedade?
Uma pesquisa realizada em junho de 2020 pelo Data Favela, parceria do Instituto Locomotiva, da Central Única das Favelas (Cufa) e da Favela Holding, apontou que 49% dos brasileiros fizeram algum tipo de doação durante a pandemia do novo coronavírus. Porém, entre os moradores das áreas mais vulneráveis esse índice é de 63%.
O número explica que talvez a solidariedade ainda esteja atrelada a altos valores de dinheiro, que é claro, são importantes quando falamos de grandes empresas que podem contribuir com a sociedade. Durante a pandemia, especialmente, muitas delas se mostraram ativas e conscientes dos seus recursos, mas quando falamos de pessoas físicas, estamos entrando em uma parcela da sociedade que ainda não enxergou seu potencial de doação.
Segundo a pesquisa Giving Report, um retrato da doação no Brasil realizada em 2019 pelo Charities Aid Foudation, 57% das pessoas citam “ter mais dinheiro” como o estímulo mais importante para efetuarem suas doações. Mas, e se essa mesma pessoa pudesse fazer doações sem mexer no seu bolso e gastar um centavo a mais por isso, ela faria? Provavelmente não.
Os números do Imposto de Renda Solidário comprovam essa sentença: mais de 97% das pessoas que tem potencial de doação, não doam. Entretanto, é importante lembrar que qualquer brasileiro que opta pela declaração do modo completo pode destinar até 6% do IR para diversas instituições sociais, sem gastar um centavo a mais por isso.
Até o dia 31 de dezembro os contribuintes podem calcular o potencial de doações com base na declaração do ano anterior, escolher a instituição que deseja contribuir e sinalizar a receita federal. O processo pode ser conferido passo a passo no site: (www.impostosolidario.org.br). A vantagem é que esse dinheiro que já seria pago ao governo de qualquer maneira, agora vai para um projeto de confiança que pode ser acompanhado pelo contribuinte durante todo o ano.
Entre os projetos disponíveis para receber os recursos via Imposto de Renda é o
“Educação – O futuro é para todos” que beneficia mais de 4 mil crianças e adolescentes nos Estados de São Paulo e Paraná. A iniciativa oferece educação gratuita em onze escolas sociais localizadas em áreas de vulnerabilidade social.
As doações podem promover a expansão de laboratórios, criação de espaços maker, projetos de educomunicação, capacitação de educadores, revitalização de espaços e melhorias no acervo das bibliotecas comunitárias.
Mais de 40% das famílias atendidas nos locais estão abaixo da linha da pobreza e vivem do trabalho informal, sendo fortemente atingidas pela pandemia do coronavírus.
(*) – É Gerente de mobilização e parcerias do Grupo Marista.