Celso Hartmann (*)
O termo “brain rot”, eleito pelo Dicionário de Oxford como a palavra do ano de 2024, reflete uma preocupação social que deve ser tratada como um problema de saúde pública.
As implicações são vastas: o futuro da aprendizagem, a capacidade de pensar criticamente e a formação de cidadãos inteiros e engajados estão em jogo. As escolas, que deveriam ser santuários de aprendizado, frequentemente se transformam em ambientes sobrecarregados de informações superficiais e estímulos incessantes.
Essa realidade resulta em uma geração que, mais do que nunca, se sente incapaz de se concentrar em tarefas significativas. A educação deve cultivar uma mentalidade crítica que permita reflexão e interpretação, formando indivíduos integralmente preparados para a vida.
Se considerarmos o brain rot como um reflexo da fraqueza da estrutura social, a questão se amplifica: estamos dando o exemplo? Se adultos e educadores sucumbem às mesmas distrações digitais, como esperamos que as crianças e jovens desenvolvam resistência? A solução não está apenas nas iniciativas escolares, mas na responsabilidade coletiva em criar um ambiente que valorize a atenção plena e a aprendizagem significativa.
Iniciativas como projetos de mindfulness ou áreas livres de tecnologia, embora necessárias, não são suficientes sem uma mudança cultural mais ampla. Precisamos repensar o consumo de informação e valorizar o tempo e a atenção. Campanhas efetivas que incentivem o uso responsável da tecnologia e promovam a saúde mental devem ser prioridade em todas as esferas da sociedade. O desafio é imenso e a responsabilidade é coletiva.
Formar cidadãos conscientes e proativos não é apenas a função da escola, mas de todos. A reflexão crítica é crucial: estaremos fazendo o suficiente para dar o exemplo? Somente assim poderemos iniciar a transformação necessária e evitar uma geração submissa ao consumismo acelerado e refém da tecnologia.
(*) – É diretor executivo dos colégios da Rede Positivo.