Guilherme Bonini (*)
As perspectivas para o mercado imobiliário em 2023 são positivas.
Acompanhado por projeções de crescimento nos níveis de emprego e menor volatilidade dos índices inflacionários, caso tenhamos um governo com responsabilidade fiscal, o novo ano projeta bom desempenho, principalmente no que diz respeito aos imóveis destinados ao segmento econômico, que como já foi anunciado, terá tratamento especial.
Evidentemente, o que se esperava para 2022 era uma performance superior aos números apresentados pelo mercado. Mas com a inflação em alta e a estagnação da renda da população nos últimos dois anos, o cenário não foi dos mais favoráveis.
No dia a dia econômico, para se ter ideia da voracidade inflacionária e da velocidade da corrosão dos salários, quem comprou um apartamento de 50 m2 no início do ano, hoje constata que seu poder aquisitivo permite adquirir, em média, um imóvel de 45 m2. Em muitos casos, os valores defasados de avaliação das instituições financeiras em relação ao preço atualizado das unidades fazem com que o cliente não atinja os 80% do valor de financiamento.
Com isso, as incorporadoras precisaram assumir o papel de credoras para ajudar os compradores, financiando a parte de entrada para o cliente que acaba ficando maior, e em alguns casos chega a 25% do valor do imóvel. Uma das principais entidades do mercado, a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras) em parceria com a Brain, empresa de inteligência estratégica, acaba de apresentar um levantamento sobre o comportamento do consumidor de imóveis e tendências para 2023.
Realizada no mês de novembro, em todas as regiões do País, a pesquisa ouviu 1.200 pessoas com renda superior a R$ 3 mil. Para o próximo ano, 31% dos entrevistados desejam adquirir um novo imóvel. A maioria, 33%, tem a perspectiva de sair do aluguel. E 47% pretendem comprar apartamento. Tudo isso é muito importante e extremamente positivo.
Mesmo no auge da pandemia, 2020 ficou marcado como um ano extremamente aquecido em lançamentos e vendas. O panorama em 2021 foi de equilíbrio, com 2022 apresentando números positivos, apesar das adversidades econômicas. Os números da pesquisa Abrainc-Brain indicam que 2023 será ainda mais favorável sob o ponto de vista do consumidor.
A pesquisa ainda aponta um gatilho muito importante de antecipação da decisão de compra, em que 50% das pessoas responderam “crédito facilitado”.
Ao considerar a disposição do novo governo por maior equidade social e econômica, os ajustes no valor dos subsídios são de fundamental importância para que as pessoas possam tornar a equalizar a capacidade de pagamento e, com isso, realizar o sonho da casa própria.
(*) – É diretor executivo da Longitude Incorporadora (https://www.longitude.com.br/).