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Black Friday: no ‘Natal dos golpistas’ o melhor negócio é desconfiar sempre

em Artigos
quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Thiago Bordini (*)

Mais uma Black Friday se aproxima e a previsão é de crescimento no faturamento das empresas, principalmente nas vendas on-line.

A data acaba movimentando milhares de consumidores ávidos por descontos e ofertas, tornando-se um prato cheio para os cibercriminosos. Por conta do altíssimo número de vítimas, não é à toa que já andam chamando a Black Friday de ‘Natal dos golpistas’ – é uníssono entre todos no mercado de que é a data campeã de fraudes no Brasil. Nenhum outro dia do ano há o registro de tantas ocorrências.

O imediatismo de muitas promoções faz com que milhares pessoas se descuidem na hora de fechar um negócio. Existe até um certo sentimento de angústia, pois algumas delas esperaram o ano inteiro até esse momento. Consumidores ficam sempre mais suscetíveis a assumir riscos e tomar decisões, sem levar em consideração conceitos básicos de segurança, até porquê elas têm apenas um dia – em algumas ocasiões apenas algumas horas – para comprar. O grande jurista Rui Barbosa disse certa vez que “a pressa é inimiga da perfeição”.

Essa frase funciona perfeitamente nesse contexto, já que uma simples consulta no Google pode ajudar na proteção dos consumidores. Umas das principais premissas sobre golpes na internet, que é a de desconfiar de condições e preços muito baixos, fica prejudicada. Soma-se a isso a impulsividade e o baixo conhecimento de Segurança Digital da população brasileira e, voilá, temos um verdadeiro mercado, que registra crescimento de mais de dois dígitos, a ser explorado pelos criminosos.

Estes, por sua vez, têm aperfeiçoado cada vez mais os golpes. Como por exemplo o phishing, uma das técnicas mais comuns, em que o fraudador simula um ambiente, onde na maioria das vezes são sites de grandes lojas, que hoje em dia já vem com checkouts cada vez mais elaborados e desenvolvidos. No impulso de se dar bem e aproveitar um grande desconto, o consumidor coloca seus dados pessoais e cartão de crédito no site falso.

A partir daí, os bandidos podem vazar ou comercializar esses dados, fazer compras em nome da vítima, além, claro, de embolsar o valor pago em um produto que nunca será entregue. Vale a atenção de que o mesmo modus operandi pode ocorrer em aplicativos – lembra-se do que eu falei sobre o aumento da sofisticação nos golpes?

Mas como evitar cair em golpes na Black Friday?

Ao receber uma oferta, por mais tentadora que pareça, deve-se ter calma e paciência para analisar todas as variáveis possíveis. Via de regra, um dos principais caminhos para garantir a confiabilidade em um marketplace, é sempre acessar endereços oficiais, que costumam trazer o nome do estabelecimento seguido de (.com.br). Certifique-se de que está, realmente, no website do e-commerce, se desconfiar de algo, tente o contato com a central de atendimento ao cliente da empresa, quando houver.

Também, sempre destaco a utilização de plataformas como a Black ou Fraude, criada pela Reduza, uma startup de redução de preços, onde é possível copiar um link para identificar golpes e promoções falsas. Outra dica importante é sempre buscar e checar informações como CNPJ, endereço, razão social e até telefone. A legislação brasileira garante aos clientes acesso aos dados de lojas on-line, que sempre devem constar de forma visível, no rodapé ou em uma seção específica do site oficial. Caso tais informações não estejam presentes, desconfie.

Se tiver, ainda vale checar se o CNPJ consta no site da Receita. Pesquisar em sites de reclamações e redes sociais também ajudam a filtrar. Mas engana-se quem acha que apenas consumidores são lesados nessa época. O varejista também precisa ficar atento já que o prejuízo de uma compra feita com cartão clonado no e-commerce fica com o lojista virtual. É preciso se certificar de que está trabalhando com uma ferramenta de antifraude confiável para barrar compras fraudulentas.

Por conta do alto investimento na criação de uma área e de uma equipe de Segurança Digital, a dica aqui é buscar um fornecedor especializado. O investimento nesse tipo de ação é infinitamente menor do que o prejuízo que um criminoso cibernético pode ocasionar.

(*) – É diretor de inteligência cibernética do Grupo New Space.