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As eleições no Brasil em 2018

em Artigos
quarta-feira, 03 de outubro de 2018

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

A escolha do presidente e governadores é um momento muito importante na história do país, mas também preocupante

Com a cobiça pelo poder, as campanhas mais parecem com o circo dos horrores, tal o destempero nas falas e nas atitudes, com tantas mentiras e difamações que ficamos indagando que tipo de pátria eles querem impor. Que Brasil queremos para nossos filhos e netos? Em quem votar?

Não sabemos como o candidato que for eleito vai se comportar, pois já tivemos muitas desilusões. Dizer que o Capitão Bolsonaro encarna o anti-PT explica parte da adesão ao nome dele, pois desde a proclamação da República, em 1889, os patriotas estão à procura de alguém em que possam votar. Pensaram que fosse Collor e se enganaram. Pensaram que fosse Lula e se decepcionaram.

A ilusão tem sido geral e o mais prejudicado foi o Brasil em suas décadas perdidas de progressão do atraso, quando todos nós trabalhamos para fora para suprir a irresponsabilidade do governo. Houve descontrole nas contas internas e externas, e manipulação cambial para conter a inflação com importados baratos, o que atingiu fundo a indústria cortando empregos, sufocando o dinamismo na economia e nas novas gerações que foram motivadas para uma vida ilusória. A solução virá com trabalho, produção e desburocratização.

A partir de 1889 a memória do regime escravocrata fez do Brasil, no século 20, um dos países de mão de obra mais barata do mundo. Apesar dos baixos salários e falta de empregos, os brasileiros trabalhavam com dedicação, visando alcançar melhoras e educar os filhos. Getúlio se consternou com isso impondo a CLT. Mas a má gestão e despotismo dos governantes perduraram, gerando insatisfação e abrindo espaço para a esquerda com seu viés populista. O resgate da dívida externa gerou as décadas perdidas e foi o marco no atraso. Perdemos espaço na indústria.

O lulismo é fruto do que veio antes: a reduzida consideração pela classe trabalhadora. Caminhamos em sentido oposto ao da China que educava as novas gerações nas principais universidades da Terra, enquanto o Brasil exportava seus estudantes por falta de oportunidades no país que usava o câmbio valorizado para baratear os importados, até que a conta chegou com aumento da dívida, estagnação, falta de empregos, e no desânimo dos jovens pela contaminação esquerdizante.

Diante da crise e da concorrência com os importados, muitos empresários enfrentam dificuldades e os encargos sociais estão pesando, mas não podemos cair na CLT asiática – o oposto da brasileira. É preciso encontrar o caminho do bom senso e resolver a questão distributiva da produção da riqueza. Os ânimos estão exacerbados. A qualidade de contenção falta à maioria dos candidatos e seus apoiadores. Pior ainda é essa moda de dizer um palavrão no meio de cada frase; um desrespeito.

No passado, com o fechamento do ciclo ligado à terra, veio a revolução industrial, o capitalismo, o sistema monetário, o capitalismo de livre mercado, o socialismo e por fim o capitalismo de Estado para concluir o desarranjo. A cultura não evoluiu o quanto se poderia esperar da sociedade humana. No geral, os governantes incompetentes para o cargo criaram passivos financeiros e sociais para décadas.

Quanto ao mundo, o mais significativo é a decadência moral; estamos vivendo a tendência para precarização geral. Precisamos de produção, emprego e renda. Em seus discursos, o presidente norte-americano Trump sempre colocou esses itens em destaque, motivando os eleitores para o trabalho, embora os abusos da globalização já tenham causado grande estrago.

Em seu discurso na ONU, o presidente Temer disse que recebemos mais de um milhão de venezuelanos. Fugiram de seu país pela falta de comida e liberdade. Não queremos isso no Brasil. Precisamos de patriotas que respeitem e preservem o solo pátrio e seus cidadãos, querendo que o país seja nosso lar no presente e, no futuro, para as gerações que virão, para que possamos sobreviver de forma condigna, com liberdade e oportunidade de evoluir espiritualmente.

Foi para isso que em 1822 lutaram os líderes da Independência. Devemos sempre ser lutadores, seguindo a lei do movimento, para atingirmos nossas metas e nossos ideais, buscando sempre novas soluções, desde que não provoquemos sofrimentos ao próximo, fugindo da inconstância, da hesitação e da indolência.

(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). E-mail: [email protected]; Twitter: @bidutra7.