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Apesar de instabilidade econômica, investimento continua alto nas fintechs

em Artigos
terça-feira, 30 de maio de 2023

As fintechs lideraram os aportes feitos em startups do país no ano passado, tendo recebido US$ 1,74 bilhão, de acordo com levantamento recente da plataforma de inovação Distrito. O valor equivale a praticamente 40% do investimento realizado no mercado de startups. Das 755 rodadas de investimento em 2022, 148 foram destinadas a fintechs.

Ainda segundo o estudo, mesmo com o cenário econômico instável no Brasil e no mundo, com desafios diversos para as empresas, o volume de investimentos se manteve alto, demonstrando as muitas oportunidades existentes no país. Em relação às operações de fusões e aquisições (M&As), o domínio também tem sido das fintechs. Entre 2017 e 2022, ainda segundo o Distrito, essas empresas responderam por 43,8% dos negócios envolvendo startups no Brasil.

O principal motivo desse desempenho é que empresas de diferentes setores têm adquirido fintechs para adicionar serviços financeiros aos seus portfólios. Somente no ano passado, as fintechs estiveram envolvidas em 43 fusões e aquisições, seguidas das startups de saúde, com 20 negociações, e de varejo, com 13. Esses dois últimos segmentos são também chamados respectivamente de healthtechs e retailtechs.

O surgimento e fortalecimento das fintechs nos últimos anos têm contribuído para a inclusão financeira de pessoas físicas e jurídicas, especialmente das micro e pequenas empresas, que passaram a contar com produtos e serviços financeiros customizados e alinhados com suas necessidades.

A descentralização dos serviços financeiros, chamada de Banking as a Service ou BaaS, permite que eles sejam oferecidos por qualquer empresa, independentemente do seu setor de atuação, e não apenas por instituições financeiras. As fintechs são protagonistas na oferta dessa solução, apostando no BaaS para gerar negócios.

“Elas disponibilizam a infraestrutura necessária para que empresas de diversos setores ofertem serviços financeiros, sem deixar sua atividade principal de lado”, diz Paula Colodete, sócia da EY em FAAS (Financial Accounting Advisory Services).

“O modelo permite, portanto, que uma empresa ofereça aos seus clientes serviços até então próprios ou exclusivos de instituições financeiras, incluindo fintechs, vinculando essas soluções financeiras à sua atividade-fim, o que aumenta a receita gerada pelo negócio como um todo”, completa.

No passado, uma empresa que quisesse entrar no segmento financeiro precisaria montar uma robusta e complexa estrutura de tecnologia. Mais do que isso: teria de se adequar às demandas ou exigências regulatórias para atuar no setor. Agora, com o BaaS, esse caminho é facilitado por meio das fintechs, que ficam responsáveis pela infraestrutura tecnológica e contam com a licença regulatória.

O BaaS por si só demonstra o dinamismo do mercado de fintechs. No início, essas empresas atuavam em nichos específicos, com a proposta de atender o cliente por meio de uma abordagem personalizada. Esse movimento ficou conhecido internacionalmente como unbundling ou “serviços financeiros fragmentados”.

tualmente, as fintechs perceberam oportunidades em outros segmentos além daqueles que atuavam inicialmente. Os próprios clientes passaram a demandar delas oferta maior de soluções com o mesmo atendimento próximo ou customizado que faz parte desse modelo de negócios. É o chamado rebundling ou “serviços financeiros reagrupados”, tendência essa que vem desde o ano passado (Agência EY).