Rogério Gomes (*)
A instabilidade econômica tem impacto direto no mercado de crédito, especialmente no setor de financiamentos de automóveis, onde o alto valor dos bens e o longo prazo de pagamento tornam o risco de inadimplência uma preocupação central.
Durante períodos de incerteza, como recessões, crises globais ou períodos de inflação alta, o comportamento dos consumidores muda e a capacidade de pagamento é afetada. Para as instituições financeiras e concessionárias, aliviar esses riscos é fundamental para preservar a saúde financeira e manter o fluxo de crédito.
A análise de crédito, portanto, precisa ser adaptada a esse novo contexto. As estratégias que funcionam em tempos de estabilidade não são necessariamente eficazes durante crises. E o que podemos fazer é adotar ferramentas tecnológicas, o uso de dados alternativos e a criação de soluções flexíveis de financiamento são algumas das formas de se adequar.
Por exemplo, uma análise de crédito que se baseia apenas em dados históricos pode subestimar a volatilidade do cenário econômico atual. Portanto, é fundamental que instituições financeiras e concessionárias implementem estratégias que captem as mudanças em tempo real. Uma forma de fazer isso é por meio da inclusão de indicadores econômicos macro e micro na análise de crédito.
Fatores como a taxa de desemprego, índices de confiança do consumidor, e até o comportamento de consumo digital podem fornecer um panorama mais abrangente sobre a capacidade de um cliente arcar com o financiamento de um carro. Ou seja, a flexibilização das condições de financiamento também pode ser uma outra estratégia eficaz.
Isso porque, pode incluir opções como prazos mais longos para pagamento, parcelas menores nos primeiros meses ou carência inicial para começar a pagar. Além disso, oferece aos consumidores a possibilidade de manterem o financiamento mesmo em cenários adversos. E quando ajustadas às condições econômicas, as instituições reduzem a probabilidade de inadimplência, ao mesmo tempo que tornam o crédito mais acessível.
Nesse período de incerteza econômica, a análise de crédito exige uma adaptação rápida e eficaz. Instituições financeiras e concessionárias precisam não só investir em tecnologia, adotar dados alternativos, flexibilizar as condições de pagamento, mas também uma postura proativa no monitoramento e renegociação de dívidas. Fazendo com que mantenha o fluxo de crédito saudável e, ao mesmo tempo, atenda às demandas de um mercado em constante transformação.
(*) – É superintendente da AutoBanking (https://autobanking.com.br/).