Jean Tosetto (*)
“Diga-me o que acumulas e te direi quem és” – poderia clamar o profeta da Era Moderna, indagando sobre seu foco em fazer algo para “ter” ou “ser”.
No fundo, todos nós temos uma pitada de acumulador. Mas também não é para menos, nós somos educados e estimulados desde pequenos para guardar coisas, como se isso fosse sinal de progresso. As crianças colecionam carrinhos e bonecas. Os adolescentes compram roupas de marca, produtos eletrônicos e artigos esportivos.
E os adultos adquirem o segundo ou terceiro carro, sonhando com uma casa maior para guardar tudo que suas crianças e adolescentes colecionam. Quanto custa manter tudo isso em ordem? – Roupas no armário mofam, pois raramente são usadas e lavadas. Carros que rodam com o óleo do motor vencido. O filtro do ar condicionado da sala de TV que nunca é vistoriado.
Para assimilar coisas novas, devemos estar com a mente aliviada. Quando nos livramos do peso morto que as coisas velhas carregam, abrimos espaço para renovar não só o nosso guarda-roupa, mas o nosso modo de lidar com os desafios e as oportunidades que as curvas da vida nos revelam.
Se você considerar que a vida é cheia de curvas, você chegará melhor ao final dela se estiver mais leve. E este “leve” não se restringe ao peso corporal, mas alcança os aspectos psicológicos que alguns chamam de “estado de espírito”. Menos peso nos leva a mais longevidade.
Consequentemente, é necessário carregar consigo, apenas o essencial.
Caso o contrário, inimigos como o cansaço e estresse logo nos farão companhia.
O acúmulo e sua inércia podem até passar a ideia de segurança mas na verdade, coisas em excesso são como passivos: tiram dinheiro do nosso bolso e nos tiram o foco para as coisas que realmente precisamos. Uma das melhores formas para obter renda passiva é através de ações de empresas de capital aberto que pagam dividendos, e cotas de fundos imobiliários que igualmente são negociadas em Bolsa.
Esse não é um processo rápido e, portanto, exige disciplina e paciência.
São anos e mais anos com aportes mensais e regulares que visam acumular os melhores ativos de cada ocasião. Esse é o tipo de acúmulo que vale a pena. Vejamos: ações não aparecem nos aparelhos de Raios-X das alfândegas dos aeroportos. Não existe excesso de carga para quem tem doze mil ações de uma empresa que transmite energia.
Quem leva na mochila sete mil cotas de um fundo imobiliário que administra vários galpões de logística jamais ficará cansado por causa disso. Porém, para acumular ativos, é preciso juntar recursos monetários, ou seja, fazer poupança. Por vezes, falta potência (renda) para efetuar um aporte no fim do mês.
Em suma: não acumule coisas. Concentre ativos. Eles permitirão que você amontoe experiências – e isso não tem preço.
(*) – É arquiteto e urbanista graduado pela PUC/Campinas. Autor e editor de livros é adepto do Value Investing e colabora com a Suno Research.