Bruno Hacad (*)
Desde que o ser humano começou a se organizar em sociedades, há milhares de anos, uma coisa sempre esteve presente nas relações entre as pessoas: o consumo.
Nas primeiras tribos, a grande questão era como consumir, onde conseguir encontrar o básico para sobreviver: alimentos, proteção contra animais, frio e outros fenômenos naturais. Em um mundo onde encontrar qualquer uma dessas coisas era muito difícil, o ser humano aprendeu que consumir o máximo possível quando tivesse chance era algo fundamental para sua sobrevivência. Afinal de contas, os nossos antepassados não sabiam quando teriam uma nova oportunidade.
No século XXI, o cenário é outro. Os meios de produção se desenvolveram de tal forma que a maior parte da sociedade tem acesso mais fácil e rápido a comida, roupas, moradia, etc. Com uma superpopulação e o uso em excesso dos recursos do planeta, as relações de consumo precisam ser revistas. E a tecnologia é fundamental para isso. A maneira mais prática e fácil de adaptar o consumo à realidade em que vivemos hoje é buscar o acesso a bens e objetos em vez de ter a necessidade de compra e posse.
Dividir e compartilhar, de forma que todos possam utilizar e se beneficiar de uma mesma coisa. O uso aprimorado faz com que a força produtiva de todo o planeta seja direcionada para soluções que transformem o mundo.
E onde a tecnologia entra nessa equação? Por meio de um smartphone ou um computador, é possível ir a qualquer lugar, se relacionar com qualquer pessoa, acessar quase qualquer serviço.
O mundo digital permite que eu saiba que o meu vizinho tem o carro parado na garagem e pode compartilhá-lo comigo para aquela viagem de fim de semana com a família. Ou que um desconhecido tem um paletó de festa parado no guarda-roupa, enquanto eu tenho necessidade de usar uma peça igual para o casamento de um amigo. E com um preço bem mais barato do que as opções tradicionais.
Com a internet, sem sair de casa, ou mesmo na rua ou em um restaurante, é possível achar o que se precisa e conectar todos os envolvidos nessa nova relação de consumo. Não é necessário uma loja, um intermediário, se deslocar pela cidade ou gastar sola de sapato procurando aquilo que quer. Tudo é feito de maneira rápida e simples, diretamente entre as pessoas.
E por incrível que possa parecer, esse tipo de negociação, totalmente virtual, acaba até mesmo aproximando as pessoas. Em qualquer tipo de compartilhamento, a entrega do produto acaba sempre sendo feita pessoalmente. E não é incomum surgirem verdadeiras amizades e o compartilhamento se repetir por muitas vezes.
Contam-se histórias, dividem-se momentos. No fim das contas, é uma relação tão ou mais humanizada do que em uma loja tradicional. Trata-se de uma tendência que não tem mais volta, tanto o uso da tecnologia inerente a esse processo quanto a busca pelo acesso a um bem ou serviço em detrimento à posse. Essa nova maneira de consumir, mais moderna e sustentável, já é realidade em praticamente todo o mundo.
Você já está preparado para ela?
(*) – É cofundador do Pegcar.com, principal site de aluguel de carros entre pessoas do Brasil.