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A soma de todos os erros

em Artigos
terça-feira, 22 de março de 2016

Masataka Ota (*)

Vivemos um momento muito delicado no Brasil.

Um momento em que as pessoas, no transporte público, nos bares e restaurantes, não escondem mais nas conversas a raiva e o sentimento incontido de praticar ou ver a vingança concretizada – seja contra autoridades corruptas ou suspeitas de – seja contra criminosos bárbaros que, impunemente, ceifam a vida de crianças, pais de família e qualquer um que ouse atravessar seu objetivo.

Pior ainda é que quem deveria oferecer a sensação de segurança institucional e política não o faz – seja pela falta de competência, capacidade, honestidade ou os três. Tenho muito medo quando um País deposita todas as suas fichas em apenas um herói.

eja ele um juiz, promotor ou qualquer um que lhe ofereça a temporária sensação de que ainda existe um pingo de honestidade verdadeira, ou seja, sem as mãos talentosas de um hábil marqueteiro.

A sensação de escárnio, de humilhação ao ver um corrupto preso se não é maior bem que pode ser comparada ao falso sentimento de justiça de meia dúzia de justiceiros – que vez ou outra se reúnem (e me refiro também a qualquer outro grupo organizado) e sai às ruas à cata de fazer justiça.

Propositalmente, escrevi justiça em minúsculo porque esta, para mim, está longe de ser aquela que deveria, mas não é, a verdadeira sensação de cumprimento da Lei.

Aliás, neste País, a demora em se tomar atitudes legislativas que poderiam aumentar o verdadeiro poder e velocidade da Justiça abrem brechas perigosas para que gatunos do colarinho branco terminem rindo com milhões na Suíça da mesma forma que milicianos ou populares acreditem que linchar um motorista embriagado que atropelou e matou uma família inteira é o que resta para não vê-lo sair livre para responder o processo em liberdade.

Todos, repito, todos nós somos omissos quando, por comodismo ou ignorância, depositamos cegamente nas mãos de terceiros nosso destino que, somado a tantos outros, contribui para a permanência deste que se não é o pior, concorre ao título de mais lúgubre e sombrio caminhar cego de mais de 200 milhões de pessoas.

Nós, o povo brasileiro.

(*) – É vereador pelo PSB.