Clemente Ganz Lúcio (*)
A recessão poderá ser longa se a prioridade não for a retomada do crescimento.
As consequências serão ainda mais desastrosas, comprometendo mais uma vez o potencial de desenvolvimento da sociedade brasileira. Os principais fatores que sustentam o crescimento econômico do país e a capacidade de transformá-lo em desenvolvimento social estão em nossas mãos.
No Compromisso pelo Desenvolvimento, as Centrais Sindicais – CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB – e associações e entidades sindicais de representação dos empregadores (CNI, Anfavea, Fenabrave, Abimaq, Abiquim, Abit, Instituto Ethos, Sinaenco, Anfir, entre tantas outras), firmaram acordo com a prioridade para medidas para promover o crescimento da economia brasileira.
É urgente retomar o investimento público e privado em infraestrutura produtiva, social e urbana. Concluir e retomar obras, avançar nos projetos elaborados, investir em novos projetos. A flexibilidade fiscal (déficit) é necessária para o aporte direcionado de recursos púbicos para o investimento, com o BNES fortalecido e um ambiente regulatório equilibrado e com segurança jurídica.
Além do investimento em grande obras e na construção habitacional, deve-se aportar recursos de liberação rápida para obras de contratação célere que gere muita ocupação: saneamento, limpeza urbana, calçamento são exemplos. O setor da construção contrata muita gente e mobiliza uma extensa cadeia produtiva. Por isso é fundamental destravar o setor de construção.
Da mesma forma, é estratégico retomar e ampliar os investimentos no setor de energia, como petróleo, gás e fontes alternativas. Essa inciativa repercute no setor de construção, industrial e naval.
Mobilizar o desenvolvimento produtivo (agricultura, indústria, comércio e serviços), para investimentos de adensamento das cadeias produtivas e de reindustrialização do país. O Compromisso deve criar espaços setoriais e locais para debates e formular propostas de desenvolvimento produtivo.
A estratégia de desenvolvimento produtivo deve considerar que a política cambial favorece a que as empresas competitivas reocupem espaços na agenda exportadora, bem como possam fazem substituição de importados.
As Olimpíadas e o câmbio criam uma oportunidade única para avançar na estruturação da política de desenvolvimento do turismo que, distribuído em todo território nacional e partir de uma grande potencial natural, é um grande empregador e arrecadador de divisas.
Para criar capacidade de resistência frente a crise, é necessário criar, em condições emergenciais, financiamento de capital de giro para as empresas, renegociação de dívidas para as famílias, bem como crédito para o investimento privado e o consumo.
Os desafios são enormes, mas o Brasil tem plenas condições de ser protagonista do seu desenvolvimento econômico e social. Tem capacidade produtiva reunida na força dos empresários e dos trabalhadores, um grande estoque de capital produtivo e muito recurso natural. Nossa mazelas são oportunidades para investimentoa, para uma produção que cria riqueza e renda para superar a pobreza e a desigualdade.
O Brasil pode muito se houver Compromisso que crie projetos e tome inciativa. O diálogo é o melhor caminho para fortalecer Compromissos e um grande instrumento para promover transformações.
(*) – Sociólogo, diretor técnico do DIEESE, e membro do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Grupo Reindustrialização.