Sheyner Yàsbeck Asfóra (*)
”Eu deveria estar morto.” Assim se pronunciou Donald Trump momentos após ter sido alvo de um disparo que lhe atingiu e quase interrompeu a sua vida. Ele, Trump, um ex-presidente dos Estados Unidos da América e novamente candidato ao cargo de presidente do seu país quase teve o seu sonho interrompido por um atentado contra a sua vida. Foi um livramento?
Quantas vezes já sentimentos um livramento em nossas vidas? Mesmo sem nos darmos conta já escapamos, muitas vezes em nossas vidas, de algo ruim e do amargor de passarmos por situações indesejadas. Será? Muitas lições podemos extrair do episódio que chocou todo o mundo independente das nossas crenças espirituais. Não estamos no controle e não temos como prever o hoje e nem o amanhã diante de todas as circunstâncias que envolvem as nossas vidas.
Idealizamos. Planejamos. Realizamos. Mas, por uma circunstância ou outra, por vezes, o que sonhamos e nos obstinamos a realizar sai do nosso controle e temos que ver nossas metas e sonhos adiados. O que fazer? Ou o que fazemos? Com o passar do tempo seguimos elegendo prioridades, mudando o nosso rumo na vida e calibrando os nossos desejos para alcançá-los em novo horizonte. Assim é a vida e suas circunstâncias! Estamos no controle? Estamos no controle com o que nos acontece na vida e em nossa honrosa e nobre profissão?
Certamente que não. E o que fazer? São reflexões sem respostas e que a resposta é uma só: viver! Viver com retidão, ética, disciplina e seguir se construindo na vida. Sejamos honestos conosco mesmo. Estamos colocando em nossas vidas todas as nossas convicções e propósitos? Estamos realizando o que nos propomos a realizar ou seguimos adiando nossos planos para, em um dia ou em outro momento, darmos início à difícil e necessária caminhada rumo ao alcance das nossas metas um dia sonhadas e que jamais entraram no campo das nossas ações?
Quantos sonhos já deixamos pelo caminho? Quantas obras iniciamos e, por uma circunstância ou outra, abandonamos na estrada e que nunca mais voltamos a visitá-las? Fatos acontecem em nossas vidas que nos impactam para sempre. Quantos fatos positivos e negativos foram decisivos para nos tornarmos o que somos hoje?
Quantos fatos e acontecimentos em nossas vidas nos aprisionaram e que insistem a nos aprisionar? Com ações e pensamentos positivos será que temos o poder de nos libertarmos e vivermos com mais plenitude e positividade? Há uma passagem bíblica (Sl 116.8a) que nos adverte que “o maior cativeiro que o homem enfrenta não é aquele que aprisiona seu corpo e limita seu direito de ir e vir, mas o cativeiro espiritual”.
Lembro da passagem do livro “As Misérias do Processo Penal de Francesco Carnelutti” quando sentencia que “há fora do cárcere prisioneiros mais prisioneiros do que os que estão dentro e há, dentro do cárcere, mais libertos, assim da prisão, dos que estão fora. Encarcerados somos todos, mais ou menos, entre os muros do nosso egoísmo; talvez, para se evadir, não há ajuda mais eficaz do que aquela que possam nos oferecer esses pobres que está materialmente fechados entre muros da penitenciária”.
Sempre é tempo e sempre é hora para refletirmos sobre o que somos e sobre nossas vidas. Estamos libertos? Estamos vivendo como deveríamos viver? Vamos viver mais? Vamos viver com nossas famílias e amigos aproveitando cada momento. Sigamos unidos e em amizade para, juntos, caminharmos pelas veredas da vida e, ao olharmos para trás, termos a convicção de que tudo valeu muito a pena. ‘Cumprimos a nossa missão!’
Vamos viver com mais vida! Não estamos no controle. Há quem disse que a vida é mais fruto do acaso e do destino do que da nossa própria vontade. E por essa reflexão somos conclamados a cumprir a nossa missão com comprometimento, amor e destemor antes que seja tarde demais e a escuridão (in)esperada nos alcance e alcance as vidas das nossas vidas. Vamos viver!
Jamais estaremos sem vidas. Estamos sentenciados a cumprir a nossa missão impondo mais vida em nossas vidas. Somos vidas e fazemos a diferença na vida de tantos e de muitos que nos confiam suas dores e suas próprias vidas.
Lembremos sempre: somos, todos nós, advogadas e advogados criminalistas unidos pelo mesmo propósito. Somos defensores da liberdade e defensores da vida. Essa a missão! Essa a luta! O cumprimento da missão de vida (liberdade) pela luta da liberdade (vida).
Tenham uma excelente vida! Carpe diem. Carpe Vita!
(*) – É presidente nacional da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas
(https://web.abracrim.adv.br).