Thomas Lanz (*)
Pouco se fala sobre a evolução das empresas, fora dos centros acadêmicos.
Raras vezes os donos de negócios refletem sobre o estágio evolutivo em que se encontram as suas próprias organizações. Existem muitas teorias a respeito, mas em geral os teóricos dividem a evolução das empresas em três fases, ou seja: a primeira que é a do pioneirismo, a segunda fase que é da racionalização e uma terceira fase que é a do amadurecimento. Mas o que significa ser uma empresa madura?
Quero iniciar pela fase do pioneirismo. Os processos administrativos ainda não estão bem introduzidos, impera a gestão informal, cada um faz um pouco de tudo e a estrutura organizacional ainda carece de uma boa definição. Aos poucos, a empresa vai crescendo e se desenvolvendo.
Para estruturar este crescimento ela é obrigada a se organizar. Consultorias externas são chamadas para implantar sistemas de informações adequados, sistemas de custos, estrutura organizacional mais formal e, neste estágio, a empresa pode crescer muito e se tornar grande.
Em geral, a gestão ainda é muito centralizada e depende muito de seus sócios majoritários. Na falta repentina deles muitas empresas são levadas a fechar suas portas pois a fase seguinte sequer foi pensada.
Esta terceira fase, a do amadurecimento, deve levar em consideração diversos aspectos em nível de governança corporativa.
Uma empresa madura é aquela que, entre outros, já tem a sua governança bem desenvolvida e implantada. Não se chega a uma fase madura de uma hora para outra. Ao contrário. É um processo que leva bastante tempo para amadurecer. Por exemplo, a formação de Conselhos.
Numa empresa familiar provavelmente é preciso pensar na formação de um Conselho familiar e na profissionalização da família empresária. Uma segunda etapa deste processo seria a formação de um Conselho Consultivo com a participação de conselheiros externos ou independentes. Em paralelo, seria importante pensar no relacionamento entre a família, empresa e a propriedade.
Para isso existem os protocolos familiares. Estes irão estabelecer uma série de regras a partir de compromissos morais formados entre os sócios da empresa em relação a assuntos como a entrada de herdeiros na gestão dos negócios; distribuição de lucros entre os familiares: remuneração de familiares; venda de participação societária em âmbito da família e assim por diante.
Protocolos bem montados são um excelente alicerce para a longevidade e perpetuação dos negócios familiares, pois evitam e eclosão de conflitos por divergências de opiniões. Neste caso os assuntos já estão discutidos e definidos. Ainda cabe destacar a importância do “compliance” ou a conformidade. A conduta moral e ética deve permear as nossas organizações, mais do que nunca.
Não importa o tamanho do negócio. Todos deveriam se preocupar com esta questão. Para tanto, toda a equipe de funcionários deveria estar ciente e consciente de como a empresa na qual trabalham lida com os problemas morais e éticos. Por fim, a questão de sustentabilidade, ou seja, a proteção social e ambiental também deveria fazer parte das preocupações e ações de uma empresa madura.
A responsabilidade e a contribuição social das organizações se torna cada vez mais necessária nos dias atuais.
(*) – É fundador da Thomas Lanz Consultores Associados, empresa especializada em governança corporativa, gestão de empresas médias e grandes no Brasil.