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A modernidade no ambiente de trabalho

em Artigos
segunda-feira, 31 de julho de 2017

Norberto Chadad (*)

À medida que a tecnologia avança, mais as pessoas se distanciam. Este é um fato cruel e que muitos não se dão conta.

No tempo em que as comunicações não tinham a facilidade atual, as pessoas procuravam umas às outras para trocar ideias pessoalmente ou, no máximo, usavam o telefone. Profissionais sentados lado a lado, no mesmo espaço físico, trocam mensagens durante o expediente com muita naturalidade sabendo que certamente, mais rápido e produtivo, seria o diálogo “olho no olho”.

Mas, nós que trabalhamos com recursos humanos e temos “paixão por pessoas”, não podemos nos deixar levar por esta, que não é mais uma tendência, e sim uma dura realidade. É preciso preservar o quanto possível o contato pessoal e a troca de informações. Enfim, ter interação.

Com frequência vemos em ambientes de lazer casais, amigos sentados frente a frente e, cada um ‘fazendo’ o uso do WhatsApp (que literalmente quer dizer “qual é o problema?”, “o que está acontecendo?”) para dialogar virtualmente com outra pessoa. Mas, afinal, por que estão ali e juntas? Supostamente para conversar, exercitar a convivência, papear, planejar alguma coisa. No entanto, essa troca de experiências acontecerá em que momento? Talvez façam isso online.

Outro uso indevido e, este absolutamente reprovável, é a ofensa através do e-mail. Em 100% dos casos, pessoas que não têm a coragem de dizer o que pensam olhando para o interlocutor, utilizam o e-mail para ofender, agredir, diminuir o próximo. Esta prática deve ser banida com a arma que mais fere o ser humano: o desprezo. Simplesmente devemos ignorar e não responder.

Um novo fato que vem causando inúmeros problemas no ambiente de trabalho é o vício dos celulares. Existem empresas que proíbem o uso do aparelho no horário de expediente, porém com esta ação, estão, aparentemente, cerceando a liberdade dos profissionais. Entretanto, se chegaram a este ponto, sem dúvida foi porque constataram a utilização indevida e exagerada do telefone móvel. O bom senso deve sempre prevalecer.

Já se tem notícia de que em reuniões sociais os anfitriões pedem que os celulares, devidamente identificados, fiquem fora do recinto onde as pessoas estão reunidas, pois somente assim é possível manter-se um diálogo sem interrupções. E o resultado foi o melhor possível. As pessoas puderam realmente exercitar a transferência de ideias e de experiências, constatando ser absolutamente possível permanecerem algumas horas sem a escravidão do celular.

Agora, referindo-me ao exercício profissional, uma coisa é certa: o uso constante do celular fará com que o profissional não foque nas funções que desempenha, causando um atraso produtivo, diminuição nos resultados e, em casos extremos, acarretar desavenças no ambiente de trabalho. Em uma citação curiosa de um conhecido empresário, ele diz: “Você já pensou se os jogadores de futebol entrassem em campo com celular?”.

Em paralelo ao uso do celular está a utilização indevida e indiscriminada da internet no local de trabalho. É sabido que as redes sociais são consideradas hoje importantes ferramentas em muitas áreas e, entre as mais importantes está o RH, pois os perfis dos profissionais estão disponíveis para consultas. Porém, assim como o uso de celulares, o abuso do uso da internet (Facebook, Instagram, entre outros), traz problemas ao ambiente produtivo. Observamos inúmeras postagens de assuntos bem pessoais alternados indevidamente com assuntos profissionais.

Precisamos preservar a imagem da empresa, uma vez que o colaborador ao se expor leva consigo a imagem desta. Em nosso caso, trabalhando com recursos humanos no nível em que atuamos, a situação é extremamente delicada e por este motivo a atenção deve ser redobrada.

No momento que vivemos, especialmente no Brasil na atual economia, a verdade é que devemos raciocinar muito, pois o desemprego está ‘batendo à porta’ e somente há lugar para poucos e bons: não temos tempo durante o expediente para uso indevido de celulares, redes sociais e e-mails particulares. A dedicação e o compromisso de todos serão os diferenciais em situações como esta.

“No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo: ou você faz uma coisa bem feita, ou não faz” (Ayrton Senna).

(*) – É CEO da Thomas Case & Associados, Engenheiro Metalurgista pela Universidade Mackenzie, Mestrado em Alumínio pela Escola Politécnica e Economia pela FGV.