209 views 5 mins

A Inteligência Emocional como diferencial de carreira

em Artigos
terça-feira, 12 de julho de 2016

Priscila Capellato (*)

Com o maior acesso à informação, os jovens da chamada Geração Y (adultos nascidos entre as décadas de 80 e 90) têm currículos impressionantes.

São muitos os profissionais que possuem mais de uma graduação, especializações, vivência no exterior, vários idiomas- tudo isso antes dos 30 anos. Entretanto, apesar de toda essa qualificação, são comuns os artigos que falam sobre as dificuldades dessas pessoas em focarem em uma carreira. Isso não acontece por desinteresse; ao contrário.

Diversas pesquisas mostram que a carreira é um fator essencial para esses jovens adultos. Então qual o motivo por que muitos deles não conseguem permanecer por muito tempo em uma empresa? O primeiro deles é que essa é uma geração que se adapta bem às mudanças e busca desafios permanentes, sem o que perde o estímulo e fica tentado a buscar novas alternativas.

Além disso, esses jovens já não colocam a remuneração como o principal fator de atração. A possibilidade de conciliar vida profissional e vida pessoal, que contempla diversas outras atividades (como trabalhos voluntários e artísticos, por exemplo), também é um fator apontado como essencial pela maioria deles.

As empresas têm buscado formas de atender a esses anseios e têm desenvolvido modelos, tanto de avaliação de desempenho quanto de ambiente de trabalho e estruturas como horários flexíveis para garantir um menor turn over. Aliás, mais do que o turn over reduzido, as organizações têm buscado estratégias para conseguir recrutar e reter os melhores profissionais.

Sobre essa questão, vale a pergunta: se uma boa parte desses profissionais possui até mais do que as qualificações que seriam exigidas pelo cargo, como é possível escolher entre eles? E, dentre os escolhidos, quais serão aqueles a ascender na carreira?

A resposta a esse questionamento não está necessariamente nas experiências profissionais. O foco do recrutamento hoje é buscar profissionais que dominem habilidades intra e interpessoais. As duas esferas compõem o conceito de Inteligência Emocional (IE), desenvolvido pelo psicólogo Daniel Goleman.

Esse conceito é uma evolução da proposta de Inteligências Múltiplas, que avalia outras habilidades além da tradicional métrica Lógico-matemática e que já levava em conta a capacidade dos indivíduos de lidar com seus sentimentos e também dos outros.

Goleman se aprofunda nas questões de habilidades intra e interpessoal e pontua que, a capacidade de lidar com essas esferas é um dos mais fortes determinantes de sucesso ou fracasso na carreira. A IE está dividida em cinco competências: autoconhecimento pessoal, controle emocional, automotivação, reconhecimento de emoções em outras pessoas e relacionamentos interpessoais.

Todas elas são necessárias para a boa realização de atividades comuns no dia a dia das empresas, como trabalhos em grupo e as demandas que exigem que o profissional atue sob pressão para cumprir prazos ou em tarefas de grande responsabilidade. Na prática, a efetividade das conclusões de Goleman é evidente.

São muitos os casos dos profissionais recrutados por suas impressionantes vivências acadêmicas e profissionais, mas que, no dia a dia, mostram-se incapazes de construir relacionamentos positivos com os colegas ou que perderam a postura profissional em situações difíceis.

Infelizmente, não existe uma “fórmula mágica” para desenvolver a IE. Talvez a melhor dica seja um trabalho constante de autoanálise e a aquisição do hábito de refletir sobre os problemas. Outro ponto importante é evitar fugir das situações desconfortáveis, porque elas ajudam o profissional a desenvolver habilidades que podem ser importantes para o crescimento na carreira.

Ou seja: ainda que as experiências e cursos formais continuem a ser cobrados dos jovens, para se diferenciar no trabalho, é fundamental ser capaz de dominar as próprias emoções e de interpretar as necessidades e momentos atravessados pelos colegas.

Com isso, o profissional conseguirá se transmutar de um perfil mais técnico para o de um líder eficaz, apto a contribuir para os planos estratégicos da empresa.

(*) – É CEO e cofundadora da Natue (www.natue.com.br).