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A diferença do consumidor brasileiro para o americano

em Artigos
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Daniel Toledo (*)

Cada país tem os seus costumes, cultura e uma forma de enxergar o comércio.

Ao longo da minha profissão, já atendi inúmeros processos de imigração, para os mais diversos países, e em quase todos, o questionamento mais comum é sobre que tipo de negócio abrir, ou até mesmo, como começar a estruturar uma empresa. Quando o cidadão quer sair do país de origem dele, é comum esquecer que há uma série de detalhes que irão impactar, seja de forma positiva ou negativa.

Por exemplo, se a ideia é abrir uma papelaria no Brasil, na esquina de uma avenida com grande movimentação, existe a chance de dar certo? Sim, se você conhece o ambiente, fez uma pesquisa de mercado e entendeu que haverá um potencial consumo dos produtos. Mas antes de identificar essa oportunidade, foram feitos um estudo detalhado, pesquisa, planejamento e um plano de negócios.

O empresário vai ter que lidar também com as grandes redes e com o comércio local, que vende itens parecidos, pronto para atender quem gosta de coisas mais próximas e facilidade. Na Kalunga, que é uma grande rede do segmento de papelaria e informática, é possível adquirir todos esses produtos, mas às vezes, a loja fica muito longe, então o cliente prefere ir apenas até a esquina e comprar o que precisa.

Esse comportamento alimenta o mercado mais regionalizado. Já nos Estados Unidos, isso não acontece porque a maioria das pessoas prefere comprar pela internet. O consumidor norte-americano, por exemplo, ainda que tenha um apetite voraz por comprar, possui um perfil um pouco diferente em relação ao que o empresário brasileiro está acostumado. Para se ter uma ideia, grande parte adquiri pelo Amazon ou compra pelo Office Depot e tudo chega em perfeito estado e no conforto do lar.

Além disso, a banda larga, geolocalização que permite as empresas ofertar de acordo com a localidade do cidadão, somado a uma cultura digital mais avançada colaboram para esse movimento só cresça e, em contrapartida, faz com que o comércio regional desacelere suas atividades.

Então, antes de sair do Brasil e começa a sonhar, é preciso esvaziar o copo e pensar no comércio da região para onde quer ir, não apenas nos EUA, mas Portugal, Espanha, França, Canadá, todos esses lugares são diferentes. Cada um deles tem os seus costumes, cultura e uma forma de enxergar o comércio.

Por todos esses motivos, sempre recomendo que antes de começar a planejar uma mudança de país, o ideal é passar um tempo no lugar em que quer morar, não precisa ser muito tempo, apenas o necessário para conhecer, entender e sentir como que o entorno funciona. Não para passear, mas sim com propósito técnico e uma visão profissional. Acredito que um mês é tempo suficiente para identificar todos esses fatores.

Uma outra opção é contratar um profissional daquele lugar, que já tem todas essas questões mais do que respondida, e que vai poder orientar sobre as questões de negócios e oportunidade que o local pode oferecer.

(*) – É advogado da Toledo e Advogados Associados especializado em direito internacional, consultor de negócios internacionais (www.toledoeassociados.com.br).