Vanessa Queiroz (*)
Manipulação de imagens, vídeos e até mesmo voz é o que a inteligência artificial (IA) já é capaz de fazer com o avanço e popularização de softwares. Na era onde as máquinas podem criar, como fica o trabalho dos criativos? Como publicitários e designers devem lidar com a IA? Como não perder a criatividade e personalidade e, ainda assim, se manter relevante no atual cenário?
Atualmente, os softwares são capazes de criar logos e apresentações com base em um simples comando de texto. Pensando especificamente no design, a profissão é muito impactada, já que lidamos, por exemplo, com conteúdos sendo feitos pelo Canva — plataforma de criação visual.
E embora muitos acreditem que o nosso trabalho é apenas criar projetos visualmente bonitos, nós fazemos muito mais que isso, pois entendemos que para entregar bons designs há o desenvolvimento da ideia que envolve metodologia, pesquisa e aprofundamento.
Com o avanço da IA, a grande questão é como a ética e os direitos autorais são tratados. Ao usarmos prompts com essas ferramentas, estamos gerando algo que já tem uma referência e foi criado por alguém. Diante desse cenário, precisamos refletir sobre questões como até onde iremos com o uso da imagem e o que pode ser considerado um abuso.
Uma certeza que tenho é que o trabalho manual e o improviso são coisas únicas que a IA nunca conseguirá entregar e, por isso, será difícil da ferramenta nos substituir. Obviamente, devemos experimentar e entender todos os recursos disponíveis — faz parte da nossa profissão.
O fator humano ainda é essencial no design e isso tem relação com todo o repertório que os profissionais adquirem com os estudos e recortes que são feitos, além da maneira como ele compreende. Um software pode até interpretar informações, mas ainda sim será preciso editar para que não fique “fake”. Além disso, precisamos acompanhar o que está sendo desenvolvido, pois a IA não possui julgamento moral.
Para além dos preconceitos e medos que podem surgir com toda novidade, fato é que o recurso pode nos auxiliar na produtividade, rentabilidade e performance, principalmente para profissionais que são programadores e aqueles que trabalham com design digital e UX. No entanto, é importante lembrar, nada substitui o estudo e as experiências que são adquiridas ao longo da carreira.
O designer vai precisar aprender a lidar com a IA e entender como conviver com a tecnologia, para que não fique obsoleto. Mas esse não é só um problema da nossa profissão, a tecnologia está atravessando o tempo e, assim, o mercado está se reinventando.
No futuro, espero que saibamos diferenciar o que é ou não é feito pela IA e, para quem tá começando, a minha grande dica é entender que o mundo não é só digital, mas está também fora do computador. Por isso, estude, vá ao cinema, viva e compreenda as novas tecnologias.
(*) – É sócia-fundadora do Colletivo, estúdio de comunicação e design brasileiro
(https://colletivo.com.br/reel/).