Denny Mews (*)
Considerado um dos principais contribuintes para o progresso do país, o agronegócio tem conquistado posição de destaque no cenário econômico brasileiro. De acordo com o Ministério da Agricultura, 30% do nosso PIB em 2021 foi composto pela soma de bens e serviços do setor. E a logística, sem dúvida, é uma peça fundamental para o bom funcionamento de toda a cadeia operacional do segmento, afinal garante que os produtos sejam corretamente entregues, uma vez que grande parte deles são perecíveis e dependem de condições específicas de transporte para chegar até o cliente final com toda a qualidade possível.
Dentre as boas práticas capazes de viabilizar e colaborar com a eficiência logística no agronegócio, eu destaco as seguintes:
- Logística de suprimentos: nesta etapa ocorre o gerenciamento dos suprimentos, onde a principal preocupação relaciona-se à redução de custos de produção e comercialização. Estudar o tipo de carga a ser transportada e o tempo em que ela permanecerá em trânsito é responsabilidade do gestor.
- Logística de produção: a gestão logística também é encarregada da movimentação interna de itens do setor agropecuário. Nesta fase, o gestor preocupa-se com o manuseio, a armazenagem, a estocagem e todo o processo de preparação para a entrega dos produtos.
- Logística de distribuição: nesta etapa todo o cuidado é importante e necessário, pois a fragilidade e perecibilidade dos produtos demandam atenção especial do gestor. A temperatura e umidade do veículo de transporte devem ser controladas, a fim de garantir a qualidade dos alimentos transportados. O cumprimento de prazos das entregas encerra a etapa de distribuição e determina o sucesso de todo o processo logístico.
No entanto, a logística aliada ao agronegócio enfrenta diversos desafios. Os principais são:
- Infraestrutura: a falta de infraestrutura das estradas é um dos grandes problemas do setor, já que a maioria dos transportes ocorrem através do modal rodoviário, ou seja, utilizando-se das rodovias do país, que estão em péssimo estado de conservação.
- Transporte de grãos e cargas: o transporte de alguns produtos enfrenta grandes dificuldades, pois as longas distâncias percorridas até o cliente final podem alterar consideravelmente a qualidade da carga e até mesmo provocar avarias e perdas, além de possíveis roubos.
- Custos elevados: As rodovias em mal estado e as longas distâncias percorridas afetam os custos de produção e, consequentemente, inúmeros setores da economia brasileira.
O processo de distribuição e o cumprimento de prazos são imprescindíveis para mensurar a qualidade dos serviços prestados. Infelizmente, as dificuldades impostas à logística no agronegócio dependem, na maioria das vezes, de resoluções governamentais. No entanto, é possível, sim, tomar medidas independentes que garantam a máxima eficiência de todos os processos necessários para o sucesso do setor.
Além de todos esses pontos mencionados, praticamente 100% das cargas do nosso agronegócio rodam sem qualquer monitoramento ou controle de jornada da carga. Esquecemos que essa carga que está em cima do caminhão ainda é um estoque e precisa chegar ao destino final. Infelizmente, devido ao baixo valor agregado dos commodities, fica inviável a contratação de veículos com um monitoramento tradicional.
Mas, hoje o mercado conta com tecnologias que oferecem soluções baratas como, por exemplo, o tracking via aplicativos (APP), que é capaz de monitorar e detalhar todo o deslocamento da carga em transporte de uma forma muito eficiente. Ele também disponibiliza atualizações e processos da viagem em tempo real, possibilitando a visualização da velocidade do veículo, colaborando com o gerenciamento de riscos e danos, bem como possíveis atrasos e previsões para o horário e chegada da carga. Dessa forma, conseguimos elevar o nível de serviço e atender janelas como portos, filas de descarregamento em portos secos, otimização de recursos, etc.
O agronegócio é o motor do país e não pode parar. Enquanto soluções do poder público não são efetivamente tomadas, a tecnologia é uma forte aliada, propulsora do setor, que proporciona inovação e torna eficaz os processos logísticos.
(*) É fundador e CEO da CargOn e professor do MBA em Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), da Fetrancesc com a Católica-SC, e professor de Inovação e Tecnologia dos cursos de MBA da Católica-SC e Fundação Dom Cabral (FDC).