Um dos grandes desafios do crescimento sustentável da agricultura brasileira é minimizar os impactos à biodiversidade
Ueliton Messias (*)
Para tanto, torna-se imprescindível avançar no desenvolvimento de sistemas de produção que visem à integração dos componentes ambiental e social; sistemas de produção inadequados podem causar grandes impactos ambientais negativos, a curto e a longo prazo.
Em termos globais, é inegável que a agricultura convencional tem proporcionado aumentos significativos de produtividade. No entanto, instituições científicas, governos, organizações não governamentais e a sociedade percebem impactos negativos ao meio ambiente, que podem ser evitados ou minimizados com a adoção de sistemas de produção sustentáveis.
Um sistema de produção é considerado sustentável quando todas as suas etapas atendem a processos socialmente justos, economicamente viáveis e ambientalmente adequados. A Embrapa, juntamente com o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, investe há anos em tecnologias que têm como fundamento principal a produção sustentável. Isso significa gerar alimentos seguros para a saúde humana, com respeito ao meio ambiente, garantindo a segurança do trabalhador e possibilitando o crescimento da economia.
Entre as alternativas de sistemas de produção sustentável, destacam-se a Agricultura Orgânica, Produção Integrada Agropecuária-Aquicultura, Produção Agroflorestal e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Todas essas alternativas têm um forte apelo social e são tendências consolidadas.
O crescimento da população brasileira deverá saltar de 214 milhões de habitantes em 2022 para 225 milhões em 2030, segundo o IBGE. Esse incremento populacional de não exigirá aumento significativo de áreas destinadas à agropecuária, desde que sejam adotados sistemas de produção sustentáveis.
Isso suaviza os desafios que devemos enfrentar, porém é importante registrar que nos próximos anos serão acompanhados pela expansão e pela mudança do perfil do consumo de alimentos, pois o mercado será mais exigente não só em termos de qualidade e diversidade de alimentos, mas também com relação aos quesitos de rastreabilidade, bem-estar animal, certificação de qualidade e sustentabilidade ambiental.
O aprofundamento das pesquisas no campo técnico-social subsidiará o aperfeiçoamento dos sistemas de produção sustentável, o que contribuirá para o Brasil avançar na agenda da sustentabilidade e contribuir para os desafios globais ligados ao desenvolvimento social.
(*) Doutor em Fisiologia Vegetal pela UNICAMP, é pesquisador da Embrapa e membro do Rotary Club de Jundiaí