Na briga de gigantes do agronegócio, pequenas empresas podem ter dificuldades em se destacar.
Thiago Mancilha (*)
Para se sobressair no cenário, as soluções tecnológicas se mostram como verdadeiras armas no cotidiano complexo dos pequenos, já que promovem a eficiência e agilidade nas operações rurais, da produção ao financiamento, da compra de matérias-primas à venda de insumos e do seguro ao mercado de capitais. Ou seja, com tecnologia, eles têm a possibilidade de fazer o que já fazem, só que de maneira mais rápida, segura e transparente, garantindo a gestão de riscos com escala.
Em uma pesquisa realizada pela Embrapa, com 750 pequenos e médios produtores, 85% deles responderam que utilizam uma tecnologia digital. Quando se analisa a diversidade da agricultura em todo o país, é possível observar que, no Nordeste, aplicativos de mensagens são utilizados para se conectar com a extensão rural.
Além das dores mencionadas, a tecnologia se apresenta como ferramenta que também possibilita a transparência, tanto em relação ao público-alvo, mas, principalmente, quanto aos órgãos reguladores, para cumprir com as várias regulações como as do Banco Central, Ministério da Agricultura, Susep, Associações dos diferentes setores, dentre outros.
Quando se fala de um grande banco ou uma grande agroindústria, compradora de matéria-prima ou vendedora de produtos, eles também devem atender essas obrigatoriedades, porém na maioria das vezes, conseguem cumprir com mais facilidade que um pequeno pela robustez de suas operações e bolso mais fundo.
Dessa forma, a tecnologia se torna necessária para impulsionar, no que se refere a esses aspectos, o pequeno empresário, tornando-o capaz de bater de frente com os grandes players do mercado e melhorar os resultados do seu negócio.
Hoje, a agricultura é uma atividade de retornos e riscos significativos, que é cada vez mais beneficiada pelo uso de dados que interessam a todos os elos do agronegócio para o fortalecimento da cadeia de valor. As soluções digitais são o caminho para a complexa equação que envolve variáveis econômicas, climáticas, produtivas, legais e sociais para viabilizar a produção de qualidade com menor impacto ambiental e maior valor.
Na prática, essas ferramentas permitem que as empresas monitorem tudo o que acontece com fornecedores e clientes, dentro e fora da porteira, cumprindo as regras de mercado e otimizando a gestão de riscos.
Essa transformação digital composta por tecnologias de ponta, como IA, blockchain, sistemas de informação geográfica e muitas outras, não é mais uma opção. Mas sim uma rota para aumentar a competitividade, produtividade e valor agregado a todo o setor. O Brasil certamente é líder nesse importante capítulo e estará cada vez mais distante na dianteira da corrida.
A aplicação da alta tecnologia não apenas promove o melhor desenvolvimento das empresas, como também democratiza o acesso às informações do agro e, consequentemente, movimenta a economia nacional.
Dessa forma, o agronegócio digital deixa de ser apenas uma arma necessária para empresas e produtores menores sobreviverem na competição mercadológica, mas também se torna uma ferramenta imprescindível para o movimento da economia nacional e posicionamento com máximo valor, desmistificando eventuais vieses em todas as esferas da palavra.
(*) CTO da Agrotools.