Michel Esper (*)
Na quarta-feira, dia 20 de março, foi comemorado o Dia Mundial da Agricultura. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), até 2050 será necessário um aumento de 60% na produção agrícola para suprir as necessidades das 10 bilhões de pessoas que deverão habitar o planeta.
O Brasil, como um dos principais países produtores agrícolas do mundo, terá um papel fundamental no aumento dessa demanda, e alguns dos grandes desafios para alcançarmos esse aumento serão a pauta ambiental, a conciliação da sustentabilidade com a produção de alimentos e a garantia de alimentos de qualidade para os consumidores e bons negócios para os produtores. Neste sentindo, novas práticas vêm sendo desenvolvidas e aplicadas no campo. Uma delas é a agricultura regenerativa.
Agricultura regenerativa é um termo que surgiu na década de 1980 que, com o avançar dos anos e com a pauta e causas das mudanças climáticas em evidência, passou a ser mais estudada e aplicada na atualidade.
A essência da agricultura regenerativa está em proteger a saúde do solo, garantindo a vida útil e a manutenção de todo o sistema de produção agrícola. A agricultura regenerativa tem sua base na agricultura orgânica, e erroneamente os dois termos são dados como equivalentes.
Enquanto a agricultura orgânica é estruturada na utilização de insumos orgânicos, podendo gastar muitos recursos naturais, energia e alta emissão de carbono na produção de alimentos, a agricultura regenerativa aprimora os princípios da agricultura orgânica e amplifica as práticas conservacionistas. Com isso, a agricultura regenerativa lança um olhar sistêmico sob a produção agrícola, priorizando as boas práticas que mantém a saúde do solo e a boa gestão de insumos, combatendo e mitigando a degradação do sistema e as mudanças climáticas, sendo capaz de produzir alimentos ao mesmo tempo que propicia condições sustentáveis.
Algumas práticas regenerativas já são empregadas na agricultura moderna, entre elas: rotação de culturas; adoção de plantas de cobertura; redução do tratamento mecânico do solo; integração Lavoura-Pecuária-Floresta; uso consciente de fertilizantes e defensivos; bem-estar animal; práticas justas de trabalho para os agricultores e compostagem.
Como uma referência global na produção agrícola, o Brasil vem adotando diferentes práticas para estimular a agenda da agricultura regenerativa, dentre elas se evidenciam o lançamento do Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) na década passada, a assinatura de acordos internacionais como o Acordo de Paris que visa o desenvolvimento sustentável e redução da emissão de gases do efeito estufa (GEEs), o manejo integrado de pragas (MIP), ampla difusão e prática do plantio direto, outorga de água para o uso justo e equilibrado do recurso e outros.
A agricultura regenerativa é um sistema inteligente e adaptável para diferentes realidades, restaurando o solo e mantendo sua fertilidade, mitigando as mudanças climáticas e a emissão dos GEEs, preservando a biodiversidade e garantindo a segurança alimentar e a sustentabilidade do sistema.
(*) Gerente de Produtos Agronômicos na Cibra.