Gabriella Botelho (*)
Uma das frutas mais consumidas e cultivadas em todo o mundo, a laranja é fonte importante de vitamina C e de outros nutrientes.
De seu cultivo deriva também o mel de laranjeira, produzido por abelhas a partir do néctar das flores desta árvore. É um mel muito apreciado e consumido no mundo devido ao seu sabor delicado e aroma floral e também pelas suas propriedades benéficas para a saúde, como ação calmante, antioxidante, anti-inflamatória e antibacteriana.
As laranjeiras são plantas de florescimento hermafrodita, ou seja, possuem flores com órgãos reprodutivos masculinos e femininos. A polinização ocorre quando o pólen de uma flor masculina é transferido para o estigma de uma flor feminina, permitindo a fertilização e o desenvolvimento dos frutos. As abelhas, em busca de néctar e pólen, visitam as flores das laranjeiras e realizam essa transferência de pólen de maneira eficiente, aumentando a taxa de frutificação e a formação de frutos saudáveis.
O néctar da flor de laranjeira tem um sabor e um aroma extremamente atrativo para as abelhas, em especial para a Apis Mellifera e para algumas espécies sem ferrão, como a Jataí (Tetragonisca angustula) e a Arapuá (Trigona spinipes). A presença de abelhas em cultivos de laranja pode aumentar o potencial produtivo em até 40%, além de prover uma maior qualidade aos frutos, inclusive em uniformidade de tamanho e formato. Este fato – aliado à qualidade do mel produzido – torna a apicultura uma excelente prática em cultivos de laranja, trazendo benefícios econômicos tanto para o apicultor quanto para o citricultor.
Por isso mesmo, a manutenção de colmeias próximas às áreas de cultivo e a apicultura migratória (que consiste em inserir colmeias na área apenas durante o florescimento) são muito comuns nos pomares de laranja e trazem maior rentabilidade e qualidade em ambas as atividades.
A principal estratégia para se ter sucesso neste consórcio é manter o diálogo contínuo entre os apicultores e citricultores. Outras medidas recomendadas são:
• Manter e conservar as áreas de reserva de preservação permanente, reserva legal e áreas de cobertura florestal no entorno do cultivo, para que haja oferta de alimentos durante todo ano para as diferentes espécies de abelhas;
• Aplicar práticas que envolvem o manejo integrado de pragas;
• Se necessário, utilizar produtos fitossanitários químicos de forma responsável, adotando cuidados especiais como: evitar a pulverização no período de floração e em horários que as abelhas estão em atividade no campo. E seguir sempre as recomendações das boas práticas prescritas no receituário agronômico e na bula dos defensivos que serão aplicados.
A coexistência da agricultura e apicultura em uma mesma área ou no entorno torna o sistema mais lucrativo e sustentável, e a presença de abelhas pode ser um dos indicadores de que boas práticas de cultivo estão sendo empregadas com êxito. Para levar informação e conhecimento aos produtores e profissionais do campo, a IHARA disponibiliza um manual sobre a polinização em diferentes culturas. Para saber mais, baixe o e-book gratuito e conheça mais sobre o projeto Conviver IHARA. Acesse: https://ihara.com.br/seguranca-no-campo/projeto_conviver/
Fonte: Revisão de Culturas com Foco em Polinização de Abelhas, Volume 2. Publicação IHARA.
(*) Engenheira agrônoma, mestre em Fitotecnia. Consultora de Stewardship da IHARA.