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Além de frear o desmatamento, mercado de carbono oferece segurança financeira ao proprietário rural

em Agronegócio
sexta-feira, 01 de dezembro de 2023

O Brasil vive uma corrida contra o tempo para frear o desmatamento na Amazônia, apontado pelo Observatório do Clima como a grande esperança para se cumprir a meta de redução de 48% das emissões de gases de efeito estufa, até 2025 (em relação ao ano de 2005), segundo a Contribuição Nacional Determinada (NDC), divulgada às vésperas da COP 28. Isso significa cortar a emissão de cerca de 1 bilhão de toneladas de CO2, em comparação com 2021, chegando ao limite de 1,34 GtCO2e.

Em junho, o presidente Lula já havia lançado o desafio de zerar o desmatamento até 2030. Quase 20% da área original da Amazônia foi desmatada e diferentes estudos apontam que a floresta está próxima de atingir o seu ponto de não retorno, iniciando um processo de savanização da floresta tropical úmida. Entre outros impactos, isso mudaria o regime de chuvas na América do Sul, podendo gerar novas áreas de desertificação no Brasil.

Os chamados projetos REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal) se mostram uma importante ferramenta no desafio de zerar o desmatamento ilegal e reduzir o desmatamento de áreas excedentes à Reserva Legal. Segundo relatório do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases (SEEG), de 2022, 49% das emissões anuais do Brasil são geradas por mudanças no uso da terra e florestas.

Um dos modelos de REDD+ é o APD (Desmatamento Planejado Evitado), no qual os proprietários rurais abrem mão de usar áreas autorizadas à supressão da vegetação excedentes à Reserva Legal, para agricultura ou pecuária, e comprometem-se a mantê-las conservadas por 30 anos ou mais, gerando créditos para serem comercializados no mercado de carbono. Bruno Machado é proprietário rural em Paragominas (PA) e acredita que aderir ao mercado de carbono é um ótimo negócio para quem possui terras junto à floresta. “Quanto mais diversificamos nossas fontes de renda dentro do negócio, mais segurança financeira teremos. Dentro da nossa propriedade passamos a ter pecuária, reflorestamento de eucalipto, projeto de manejo e o projeto de carbono. Sendo que o projeto de carbono, com menor investimento, é o que apresenta menos riscos e será uma das maiores rentabilidades da fazenda”, afirma.