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Cunha: depoimento de Funaro é ‘história da carochinha’

em Manchete
segunda-feira, 06 de novembro de 2017
Fabio Rodrigues/ABr

Fabio Rodrigues/ABr

Ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, chegando à Brasília para depor no processo em que é acusado.

O deputado cassado Eduardo Cunha voltou a negar ter despesas como a compra de carros e de um apartamento em São Paulo pagas pelo seu ex-operador financeiro Lúcio Funaro, a quem chamou novamente de “mentiroso”. Cunha também negou ter recebido propina para suas campanhas políticas, segundo ele, por “não ser necessário”, uma vez que as doações legais que obtinha eram “mais do que suficientes”. “[Funaro] nunca me pagou um carro com dinheiro dele, isso é história da carochinha”, afirmou. “A delação que ele faz agora está me transformando no Posto Ipiranga. Tudo é Eduardo Cunha.”
Cunha foi interrogado ontem (6) pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, responsável pela Operação Sépsis, na qual são investigadas irregularidades na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa. O ex-deputado foi acusado por Funaro de encabeçar um esquema de pagamento de propina envolvendo o Grupo Bertin, em troca da liberação de um aporte milionário do FI-FGTS, operado pela Caixa.
Cunha afirmou que “não duvida” do repasse de propina para campanhas do PMDB. “Se Moreira Franco recebeu [propina] não foi por minhas mãos”, afirmou Cunha, que admitiu ter marcado uma audiência, a pedido de Funaro, entre Natalino Bertin e Moreira Franco, mas negou ter participado de qualquer encontro ou ter ciência de qualquer acerto irregular. Cunha desqualificou as afirmações de Funaro de que o presidente Michel Temer teria recebido ao menos R$ 2 milhões em repasses ilegais do Grupo Bertin. Para Cunha, ao citar Temer, o corretor de valores faz “uma tentativa de chamar atenção”.
O ex-deputado afirmou ter convicção de que, ao contrário do que Funaro relatou em sua delação premiada, o corretor de valores nunca sequer cumprimentou Temer. “Lúcio nunca chegou perto, tenho absoluta convicção disso”, afirmou Cunha. Para ele, o “Ministério Público engoliu. Essa é que é a verdade. Passou a delação pela pressa de querer fazer a segunda denúncia contra Temer. Não tiveram o cuidado de examinar a realidade que Lúcio estava falando. Não tiveram tempo de investigar e comprovar” (ABr).