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DE PAI PARA FILHO

em Artigos
quarta-feira, 06 de setembro de 2017

Heródoto Barbeiro (*)

A guerra fria está de volta. Não tão fria como a crise dos mísseis em Cuba. Por muito pouco o mundo não se viu envolvido no último conflito da história da humanidade.

Ele confirmaria mais uma das previsões do físico Albert Einstein que dizia não saber como seria uma terceira guerra mundial, mas sabia como seria a quarta: “De arco e flecha”. O confronto entre americanos e soviéticos se concentrou em torno da construção de uma base de mísseis em Cuba, capazes de atingir Washington e Nova York. Em poucos dias negociações diplomáticas impediram que os americanos bombardeassem as bases, e atacassem os navio soviéticos que se dirigiam para Cuba com carga de mais mísseis.

Em troca as bases na Turquia, próximas à fronteira da União Soviética, foram desarmadas. Outras ameaças ocorreram, até mesmo de ordem acidental. Mais de uma vez radares americanos no Alasca e soviéticos em Wladivosk “detectaram” uma chuva de mísseis contra o país e durante alguns minutos comandantes oscilaram entre retaliar ou não o inimigo com armas nucleares. Do lado americano foi uma falha do radar provocada pelos raios lunares. Do lado soviético uma falha dos computadores não confirmada pelos radars. Ufa.!

Com a queda do império soviético, o nascimento da Russia capitalista, o fim do Muro de Berlim, a absorção da China no âmbito do comércio mundial, a ameaça de uma guerra nuclear estava completamente afastada. Outros países entraram no clube nuclear como a Índia e o Paquistão. Outros pretendem como Irã e Israel. O arsenal nuclear atual é suficiente para acabar com toda a população do planeta várias vezes. Havia uma paz armada até a história ter o seu curso mudado. Ninguém controla o processo histórico.

A famélica Coreia do Norte trombeteia ao mundo que já possui uma bomba de hidrogênio, a bomba H. Sua potencia é medida em megatons, ou seja mil vezes mais que as bombas de kilotons que foram jogadas contra Hiroshima e Nagazaki. Os japoneses tem experiência do que é sofrer um ataque nuclear, por isso são os que mais temem que os norte coreanos enviem um míssil com artefato nuclear sobre o seu território.

O outro alvo é a Coréia do Sul um país que, tecnicamente, ainda está em guerra com o norte, uma vez que o conflito de 1953 não terminou com um tratado de paz, mas de um armistício que perdura, aos trancos e barrancos até os dias atuais.

O imaginário popular acreditava que aconteceria com as Coréias com o que ocorreu com os Yemens e as Alemanhas. O lado comunista se desintegraria e seria absorvido pelo capitalismo do sul. Não é assim que a historia atual escreve. A ditadura do norte acalenta a politica de anexar o sul e tornar a península em um único país comunista. Obviamente que isso não seria ruim para a China, mas péssimo para o Japão que teria o inimigo na sua porta, e muito pior para Seul que sumiria do mapa.

Os mísseis e bombas atômicas norte coreanas ainda não ameçam os Estados Unidos, mas ameaçam os seus aliados no extremo oriente. A população de Seul está aterrorizada porque sabe que é o primeiro alvo do ditador, suspeito de ter assassinado seu meio irmão e o tio. O duble de ditador joga bem uma pequena nação nos confins da Terra ameaça o gigante americano e seus dois aliados mais importantes na região.

Um jogo inteligente para quem quer se perpetuar no poder e quem sabe, depois de seu avô e seu pai ele possa passar o poder para um de seus três filhos. Em pleno século 21.

(*) – É âncora do Jornal da Record News, ao vivo no R7, facebook, twiter e youtube.