São Paulo – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, criticou ontem (14), a falta de “economicidade” das decisões judiciais e disse que é preciso ensinar economia aos procuradores da Lava Jato. Junto com o baixo apetite das empresas em realizar investimentos, ele citou como um dos motivos para a queda dos financiamentos no País a perda de cadastro no banco por grandes empreiteiras enredadas pela operação que investiga desvios na Petrobras.
“De um lado, falta apetite no setor privado. Do lado dos grandes projetos, eles estão sob o efeito lavajático. Não sobrou praticamente uma única grande empreiteira com cadastro para fazer o próximo negocio dentro do banco”, comentou Rabello em palestra proferida na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “Estão jogando fora o bebê junto com a água do banho. Não há economicidade nas decisões judiciais”, acrescentou. Disse que empresários detidos deveriam ter a permissão de voltar aos seus negócios para garantir a continuidade dessas empresas.
Rabello disse que o processo de limpeza do Brasil é “fundamental, imprescindível e inadiável”, mas que é preciso ensinar aos procuradores que “da caneta deles” saem desemprego e fechamento de empresas. “A punição para o empresário que se envolveu em mal feito é trabalhar mais, associar-se ao País – ao invés de associar-se ao mal feito -, lucrar mais, terminar a obra”, assinalou. Segundo ele, não se pode permitir que a JBS “afunde” o sistema pecuário brasileiro como punição aos crimes cometidos por seus controladores, os irmãos Joesley e Wesley Batista, que fizeram delação que atingiu, entre outros políticos, o presidente Michel Temer.
Paulo Rabello explicou que, se a MP 777, que cria a Taxa de Longo Prazo (TLP), não for votada, ‘não é o fim do mundo’. “Ela começa a ter repercussão apenas em 2019, de forma que o país pode ficar um pouco mais tranquilo, porque temos mais problemas emergenciais além deste para resolver. É muito bom se for aprovada, mas também não é o fim do mundo se a gente tiver que trabalhar mais na definição” (AE).
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