116 views 18 mins

Tecnologia 07/06/2016

em Tecnologia
segunda-feira, 06 de junho de 2016

Como os ERPs modernos mudaram a cadeia de produção

Associada às práticas de ‘lean’, a tecnologia trouxe mobilidade e big data ajudando a reduzir desperdícios e aumentar a produtividade na indústria

Sistema-ERP-2 temporario

Lisandro Scuitto (*)

O conceito de produção enxuta ou ‘lean manufacturing’, que teve origem no Sistema de Produção Toyota (TPS), é uma das estratégias mais conhecidas da indústria, e na década de 80 foi a abordagem padrão de melhores práticas na indústria de todo o mundo. Com o objetivo de reduzir o desperdício e garantir melhorias contínuas, o lean elimina silos de informações e otimiza o fluxo de produtos e serviços na cadeia produtiva, departamentos, processos e equipamentos. E, quando associado a ERP’s modernos, resultam em crescimento e novas oportunidades.

Mas, nem sempre foi assim. Quando as empresas começaram a adotar a estratégia de lean a Internet ainda era um bebê, e era inimaginável um local de trabalho com dispositivos móveis, portais para clientes e fornecedores, colaboração em tempo real de qualquer parte do mundo. Os gerentes de TI e de produção lutavam para encontrar o equilíbrio entre grandes sistemas, ERP’s eficientes e processos simplificados e minimalistas.

Como os ERP monolíticos – de estrutura padronizada para todos os segmentos -, na maioria das vezes, não eram compatíveis com práticas de produção, houve tentativa de eliminar a TI do processo, pois era vista como um custo e não benefício. Esta filosofia teve algum mérito na década de 70, quando os ERP’s estavam em seu estágio inicial. No entanto, a velocidade das mudanças do mercado e complexidade de fabricação transformou a tecnologia de opção à obrigação.

Mais tecnologia, menos resistência
Hoje, o setor não é resistente ao uso de tecnologias da informação e comunicação, e isso tem proporcionado melhorias e eficiência operacional – graças aos dispositivos e aplicações inteligentes, big data, melhor gestão dos inventários e avanços no chão de fábrica. São inúmeros os benefícios que podemos listar graças ao avanço da ciência nesse campo. A mobilidade, por exemplo, enriquece a experiência, permite personalizar produtos e melhor atender o cliente. Hoje, os ERPs modernos trazem esse conceito e funcionam como o ‘sistema nervoso central’ da indústria, fazendo a ligação de fluxos de processos, e tornando possível o conceito de lean.

A análise de dados, por outro lado, tornou a produção enxuta mais preditiva, principalmente por causa da entrega de relatórios e análises avançadas, ajudando a indústria a evitar desperdício na compra de matérias-primas e armazenagem de produtos; a prever exigências do mercado, ao invés de apenas monitorar relatórios de tendências e históricos de transações. Os funcionários também têm acesso a indicadores e informações, capacitando-os a agir proativamente e tomar decisões de acordo com às necessidades do negócio.

Associado à tecnologia, o Lean melhora os resultados da produção no chão de fábrica, pois hoje as melhores práticas do setor incluem novas normas de produção, melhorias no padrão de qualidade operacional e na velocidade de produção e serviços de valor agregado. No inicio, os consultores dos métodos enxutos acreditavam que impressão 3-D, sensores inteligentes, e Internet das Coisas (IoT) não passavam de visões futuristas e protótipos em implementações quando os metódos estavam em estágio inicial. Agora, com o “lean 2.0” é possível conciliar inovações tecnológicas com a eficiência dos processos enxutos, a fim de reduzir desperdícios e aumentar a produtividade.

(*) É diretor de Produto da Infor LATAM.

Insights analíticos em um piscar de olhos

shutterstock 105421976-Web temporario

Uma pessoa adulta pisca, em média, 24 vezes por minuto, fechando os olhos por cerca de 50 milésimos de segundo antes de cada piscada. Durante esse tempo estamos totalmente cegos. Pode parecer pouco, mas para a análise de dados, definitivamente não é.
Em menos de um milésimo de segundo, milhares de dados são gerados a partir de diversas fontes de informação, o que representa um dos ativos mais valiosos das empresas. Esses dados são provenientes de dezenas de bilhões de dispositivos conectados à Internet das Coisas, redes sociais e até aqueles gerados dentro dos departamentos das empresas.
Lidar com esse volume massivo de dados tem dado luz às tecnologias mais abrangentes para a captura de dados. Com esse intuito, os softwares de Event Stream Processing (ESP), ou Processamento de Dados em Tempo Real, popularizaram-se rapidamente nos últimos anos.
Com o ESP, todos os dados gerados por dezenas de milhares de eventos são analisados ainda em movimento, antes de serem armazenadas, com tempo de resposta praticamente imediato e sem interferir na velocidade do processamento. É como se ter uma mangueira jorrando continuamente, analisando cada partícula de água em movimento, sem a necessidade de filtros e captando as informações que importam para tomar decisões rápidas.
Trata-se de uma necessidade crescente no mercado brasileiro, especialmente o de varejo, que começa a acompanhar a velocidade de negócios, já adotada em outras áreas, como de telecomunicações e financeiro.
Em questão de competitividade para o setor de varejo, as ferramentas de Streaming ainda não ganharam destaque, pois os pioneiros no país são os grandes hipermercados, mas muitos possuindo a tecnologia sem saber utilizá-la com o devido potencial. Isso porque o próprio perfil do consumidor brasileiro ainda é de propensão à escolha por preço e não pela experiência da compra. Mas como fica em termos de potencial?
Com cada varejista são milhares e até milhões de consumidores, com necessidades e desejos particulares, buscando um atendimento diferenciado que, tradicionalmente, não recebe grandes investimentos em TI. E o mapeamento do histórico de compras e hábitos dos clientes podem oferecer insights valiosos para prever e oferecer produtos a eles, antes mesmo que percebam que estão precisando.
Nos Estados Unidos, a Macy’s Inc., um dos varejistas mais conhecidos do país, com receita anual acima de US$ 20 bilhões, possui uma base de clientes fidelizados nas lojas físicas e online. Para continuar esse legado em um mercado altamente competitivo, a Macy’s utilizou o SAS® Enterprise Miner™ para identificar as características dos clientes de e-commerce e reagir rapidamente com atividades de marketing. Com essa adoção, diminuiu em cerca de 20% o cancelamento de inscrições via e-mail e alcançou uma economia de US$ 500.000 ao ano, reduzindo o tempo de análise.
Portanto, o maior gargalo do varejo ainda é a evolução em vendas específicas para cliente, identificando as necessidades e hábitos do cliente e, principalmente, reagir rapidamente a eles. As vendas sem base deixarão de existir e o mercado tende a focar mais nos clientes. Enquanto as apostas de marketing forem tradicionais, dificilmente as varejistas acompanharão a tendência mundial na assertividade e na velocidade que os negócios estão demandando – mais rápido que um piscar de olhos.

(Fonte: Rodrigo Africani, especialista em Data Management do SAS América Latina).

Compras governamentais: como participar deste universo?

Daniela Triñanes (*)

Está no pensamento de muitos empreendedores que vender para o governo, seja na esfera federal, estadual ou municipal, não é vantajoso e tampouco seguro

Entretanto, é preciso sair do achismo de que “o governo não pagará à minha empresa; vamos arcar com um calote”, instaurado por antigos casos, enquanto não existia uma lei de amparo aos credores, e ainda pela falta de gestão e conhecimento do mercado de compras governamentais­.
Primeiramente, é preciso saber que toda compra governamental é protegida pela Lei de Responsabilidade Fiscal. É esta que garante mais controle em contas públicas e age com rigor para que nenhum governo contraia empréstimos ou dívidas fora de seu alcance. A Lei, criada em maio de 2000, dita a obrigação de que todas as finanças governamentais sejam detalhadamente apresentadas para o Tribunal de Contas da União, do Estado e dos Municípios.
Além disso, há diversos mecanismos que contribuem para um maior índice de resultados positivos ao se vender por meio de concorrência pública. A adoção de um software de obtenção, gestão e inteligência de mercado, que amplie a visão sobre os interesses de empresas e também estude o comportamento de compra do governo e últimos preços praticados, pode ser o principal passo rumo às vitórias em licitações públicas.

Segurança em vender para o governo
A garantia de venda e desenvolvimento interno, por exemplo, estão entre os principais prós para quem entra no mundo das compras públicas. O governo pode pedir ampliação de prazo e até atrasar, mas não dará calote nos produtos ou serviços fornecidos por sua empresa, fique tranquilo.
Outro ponto positivo para quem está amparado por dados exatos e informações que ampliem sua visão neste mercado é que a história e o medo de margens espremidas e preços mais baixos não são verdadeiras. Com uma solução inteligente, é possível praticar preços mais justos e competitivos, mas sem reduzir drasticamente a rentabilidade.
Para concorrer com propriedade e hipóteses de vencer, basta estruturar bem sua empresa – pequena, média ou grande –, deixar toda a documentação em ordem e iniciar o acompanhamento das ofertas de compras públicas. Segundo o Ministério do Planejamento, somente as pequenas e médias empresas movimentaram no primeiro semestre de 2015 mais de R$ 10 bilhões.
Sem dúvidas, sua empresa pode estar entre esse montante, ainda mais que, no início de 2016, entrou em vigor um decreto do GovernoFederal que determina exclusividade às pequenas e médias em compras públicas de até R$ 80 mil, em todas as esferas.

Documentação sempre em dia
Inicialmente, é necessário entender que processos para compras públicas geralmente funcionam por licitação. Trata-se do método usado por qualquer entidade que use o dinheiro arrecadado em impostos ou taxas para contratar serviços e adquirir qualquer produto. Tudo é amparado por lei.
Quatro documentos são os mais importantes para começar a participar dos pregões: habilitação jurídica, qualificação técnica, qualificação econômico-financeira e regularidade fiscal.
A habilitação jurídica verifica a legalidade da empresa, o ramo de atividade e a situação dos sócios. Já a qualificação técnica é o que comprova que sua empresa tem capacidade de fornecer o produto ou serviço negociado. Para atestar que a saúde financeira de sua empresa é capaz de fornecer o que propõe, é solicitada a qualificação econômico-financeira. Por fim, e de extrema importância, está a regularidade fiscal.

Regularidade fiscal
Trata-se da reunião de documentos de cadastramento e certidões que comprovam que tudo em sua empresa está dentro da lei. Esta parte toda é atestada pela apresentação de cartão do CNPJ, regularidade com a Fazenda em todas as esferas, certidões que comprovem estar quite com INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) e FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).
Para obtê-los, basta comprovar que impostos e encargos sociais estão pagos. Só tome cuidado para não perder o prazo. É melhor providenciar a documentação assim que souber da licitação para não correr o risco de não dar tempo de estes serem analisados.

Cuidados essenciais
A documentação foi providenciada e tudo está mais do que certo com a contabilidade de sua empresa? Então é hora de prestar atenção em alguns detalhes antes mesmo de se empolgar a participar de algum processo de compra governamental.
Desta forma, para a fase de competição, leia com atenção o instrumento ou contrato, analise as condições para a competição por meio da habilitação do edital, nunca reduza o preço ao patamar que impeça a execução do trabalho, esteja atento e acompanhe todos os passos da licitação.

Minha empresa ganhou a licitação! E agora?
Sua empresa tem motivos de sobra para comemorar: ganhou a licitação e fornecerá seu produto ou serviço a um órgão governamental. Nesta fase é importante atentar aos prazos do contrato e cumpri-los à risca. Todos os pedidos e formas de entrega devem estar protocolados. Além disso, saiba que sua empresa terá que ter capital de giro para arcar com o prometido.
É fundamental que este processo seja feito antes do início da prestação de serviço ou fornecimento de produto. Sua empresa deve começar com tudo em ordem, assim, problemas e preocupações podem ser evitados em compras governamentais. Reveja os prazos sempre que preciso e analise como o órgão paga a seus fornecedores.
Pode até demorar, mas qualquer órgão público também tem que cumprir rigorosíssimas normas, regidas por leis, prazos de pagamento, bem como valores acertados no empenho. Então, boa sorte!

(*) É diretora da IBIZ Tecnologia, co-criadora do IBIZ Licita, serviço pioneiro e único em obtenção, gestão e análise de dados para empresas que participam de processos de compras públicas e governamentais.