Carlos Pastoriza (*)
Tudo indica que, nos próximos dias, provavelmente até o próximo dia 15, o Senado Federal deverá deliberar pelo acolhimento, ou não, do processo de impeachment contra a atual presidente da República.
A sinalização é de que o pedido deverá ser acolhido e que a presidente deverá ser afastada de suas funções pelo período de até seis meses, até que o processo seja julgado em definitivo. O Brasil inteiro espera que esta situação se desenrole o mais rápido possível, seja lá qual for o resultado, para que o país vire a página e retome o seu foco para os enormes desafios que tem pela frente, nos campos político e econômico.
Se confirmado o afastamento temporário da atual presidente, e tudo indica que sim, o novo governo necessitará dar demonstrações claras e imediatas de que realmente deseja corrigir os graves equívocos da atual política econômica. Como apresentação do seu cartão de visitas, terá que promover um forte ajuste fiscal, mas cortando na própria carne, sem aumento de impostos e com a redução dos próprios gastos e eliminação dos desperdícios.
Terá que, já nos primeiros dias de governo, encaminhar ao Congresso as propostas de reformas que o país tanto necessita, dentre elas: A da previdência social; a simplificação do sistema tributário; e apresentar um projeto de política industrial clara e horizontal, que possa contribuir, efetivamente, para eliminar o Custo Brasil.
Para reativar e estimular os investimentos, deverá, de imediato, reduzir as escorchantes taxas de juros – Selic e juros praticados pelos bancos aos consumidores – as mais altas do mundo. Também terá que corrigir e estabilizar a taxa de câmbio, que ainda faz com que a indústria fique menos competitiva nas exportações e, por outro lado, abre o mercado brasileiro aos produtos importados.
A implementação de ações rápidas e corretas, por parte do novo governo, que sinalizem uma convergência das forças políticas e da sociedade civil em torno de uma recuperação da economia brasileira, contribuirão para retomar a confiança dos empresários e da sociedade como um todo e, consequentemente, recolocar o país em um ciclo virtuoso de retomada dos investimentos.
Os desafios que o país tem pela frente são grandes, mas grandes também são as oportunidades, e estamos convictos de que ainda dá tempo, acreditamos ser possível fazer do Brasil um país mais justo e desenvolvido, com uma indústria forte, que produz bens de alto valor agregado, que desenvolve tecnologia e que gera empregos que exigem mão de obra qualificada e que, portanto, pagam melhores salários.
Sem deixar de reconhecer que o atual governo obteve resultados expressivos no que diz respeito às políticas sociais e que também implementou medidas pontuais que foram capazes de minimizar a perda de competitividade do nosso setor, principalmente durante a crise que se abateu sobre o mundo no final de 2008. Nós, da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), temos feito e vamos continuar fazendo a nossa parte, apresentando propostas e cobrando, diuturnamente, para que o Brasil volte a ser competitivo.
Mais uma vez, temos a grande oportunidade de deixarmos de ser o país das oportunidades perdidas e a Abimaq continuará contribuindo e cobrando para fazermos do Brasil um país verdadeiramente desenvolvido.
O Brasil precisa e pode mais!
(*) – É presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ/SINDIMAQ.