Projeto de alunos concorre em competição internacional
Foi-se o tempo em que as propostas de soluções para os problemas das empresas ficavam a cargo apenas de seus próprios executivos
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Valéria Dias/Agência USP de Notícias
A tendência mundial é o design thinking: uma empresa apresenta um problema que está enfrentando e pessoas externas à organização propõem soluções reais. Dois alunos da USP aceitaram um desses desafios e agora representam o Brasil em uma competição internacional com outras duplas de cinco países: Índia, França, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos. Internautas de todo o mundo poderão votar, até o próximo dia 21, nos projetos por meio do link (http://innovatorsrace.com/). As duas duplas mais votadas irão para a fase final da competição.
O concurso, denominado Innovators Race, é realizado pela Capgemini, empresa de consultoria e de Tecnologia da Informação com sede na França. Voltada para universitários, a competição tem o objetivo de encontrar uma solução tecnológica para uma empresa local de cada país. No Brasil, as 21 duplas participantes da primeira fase desenvolveram o projeto para a indústria de cosméticos Natura. Desses, 8 foram classificados para serem avaliados por uma banca de especialistas da Capgemini. Depois, uma nova banca escolheu 4 projetos e, dentre eles, surgiu o representante brasileiro.
O projeto escolhido foi o dos alunos Rodrigo Spillere e Augusto de Paula Junior, do MBA Governança em Inovação Tecnológica com Sustentabilidade, oferecido pelo Laboratório de Sustentabilidade da Poli/USP. Os alunos criaram uma plataforma para smartphone para otimizar o trabalho dos consultores de venda da Natura e também dos consumidores, além de oferecer um recurso e-learning center para capacitação dos profissionais, e de um gerenciador financeiro para auxiliá-los a gerir o próprio dinheiro.
“Eu cheguei a mudar o calendário do curso para que os nossos alunos pudessem participar da competição”, relata a coordenadora do LASSU, a professora Tereza Cristina Carvalho. Para ela, trata-se de uma experiência real e prática muito interessante para os alunos, pois os coloca em contato direto com o design thinking, um recurso cada vez mais utilizado pelo mercado. “A ideia é, cada vez mais, trazer para os nossos estudantes aquilo que está acontecendo lá fora”, destaca.
Tereza Carvalho aponta que o fato de os alunos precisarem angariar votos para serem classificados para a competição pode dificultar em um primeiro momento. Entretanto, o fato de precisar ter iniciativa para ir atrás das pessoas e pedir votos é muito positivo. “É uma característica que faz parte de um empreendedor de sucesso, porque ele precisa acreditar na própria ideia para conseguir vendê-la”, comenta.
O problema real apresentado pela Natura para ser solucionado foi impulsionar as vendas, mas mantendo o formato atual, de intermediação com clientes realizada por consultores. “Nós constatamos que, no modelo atual, o fluxo da compra até a entrega do produto é muito longa”, conta Rodrigo Spillere. “O consumidor precisa conhecer um consultor, depois se encontrar com ele e olhar um catálogo impresso para a escolha do produto; em seguida, o consultor faz a encomenda, espera chegar e somente depois disso o consumidor terá o produto em mãos”, explica.
No projeto que os estudantes desenvolveram, a proposta é que os consultores tenham um pequeno estoque de produtos em mãos e atuem como um pequeno e-commerce, simplificando e facilitando o processo de compra e de venda. A partir de técnicas de geolocalização, o consumidor pode encontrar a consultora mais próxima e fazer o pedido via aplicativo. Um mecanismo de inteligência vai mostrar para os consultores os produtos mais vendidos por região e também em cada estação do ano. No verão, por exemplo, aumentam as vendas de filtro solar. Outro ponto interessante da plataforma é o oferecimento de um e-learning, onde a consultora poderá assistir a vídeos com aulas sobre vendas, e acompanhar orientações sobre como incrementar o negócio, além de como gerenciar melhor o estoque de produtos.
Augusto de Paula Junior destaca que o projeto foi todo pensando em sustentabilidade e leva em conta todos os seus aspectos. “No aspecto ambiental, a geolocalização evita que o consumidor e a consultora se desloquem por longas distâncias para efetuar as vendas e isso ajuda a reduzir a emissão de gases de efeito estufa. E com o catálogo online haverá uma diminuição da versão impressa. No aspecto social, a plataforma vai ajudar os consultores ao oferecer o e-learning e o gerenciador financeiro. E no aspecto econômico ajuda a cadeia inteira: o consumidor, a empresa e a consultora”, esclarece.
Nesta próxima etapa, as pessoas poderão votar em todas as seis duplas, mas apenas uma única vez em cada. Para votar, será preciso fornecer as credenciais de Facebook ou Linkedin, para que o sistema reconheça o usuário e não permita que as pessoas votem mais de uma vez no mesmo vídeo. As duas duplas mais votadas vão visitar a sede da Capgemini, em Paris, onde irão passar por uma avaliação técnica da solução tecnológica desenvolvida. A dupla ganhadora receberá como prêmio a quantia de U$25 mil e um estágio na Capgemini em São Francisco, nos Estados Unidos.