Norberto Chadad (*)
O papel do gestor é administrar, gerenciar, gerir.
Evidentemente, a gestão ocorre somente quando há uma equipe e, seguindo este pensamento, a equipe precisa ser liderada. A conclusão lógica é que o gestor tem que saber liderar. Mas o que significa isso realmente? Liderança tem parentesco muito próximo com democracia. Democracia, que em grego quer dizer governo do povo, é o sistema político comprometido com a distribuição equitativa de poder entre todos os cidadãos, diz o nosso famoso dicionário Houaiss.
A liderança como a democracia requer um conjunto de valores que deve servir de bússola para a atitude de todos os componentes de um grupo de trabalho. Quem segura essa bússola, agindo sempre com base nesses valores, firma-se como exemplo para conduzir a equipe ao caminho certo: este é o papel do gestor. Para explorar o assunto, vamos observar um agrupamento de condições que o exercício da liderança exige.
Quais condições o líder deve adotar para que se consiga concretizar o princípio fundamental da participação da equipe numa empreitada, tarefa ou compromisso?
A primeira condição é o livre fluxo das ideias. Isso quer dizer: dar liberdade ao grupo para que tenha acesso às informações e possa se manifestar sobre elas sem receio de sofrer censura, desprezo ou chacota. A liberdade é o pilar de sustentação de qualquer atividade que reúna pessoas. A segunda condição é a fé. Não no sentido religioso, de crença em divindade, mas fé no projeto, na ideia, na capacidade individual do líder para criar condições de resolver problemas e, principalmente, fé na capacidade coletiva do grupo de realizar o trabalho com dedicação com prazer, em especial.
A terceira condição é a capacidade do líder de usar o raciocínio claro e a palavra franca. O gestor precisa oferecer uma reflexão ponderada e uma análise crítica para avaliar situações, contemplando suas variáveis, seus eventuais problemas e conceber alternativas. A quarta condição é estar sempre atento e preocupado com o bem-estar da equipe. O líder respeita individualidades, sempre considerando o potencial e os limites de cada pessoa.
A quinta condição – e última – o líder nutre preocupação com a dignidade e os direitos dos componentes da equipe, sem deixar que limitações individuais possam impedir o cumprimento dos compromissos estabelecidos.
Depois de reorganizadas essas condições, deve-se colocá-las em prática com a equipe. Para isso, comunicação eficiente é fundamental. O gestor deve expor a seus colaboradores quais são seus valores e a contribuição que ele pretende dispor. Em seguida, perguntar o mesmo a eles. Uma equipe se constrói na base da confiança. A existência de confiança entre as pessoas não significa necessariamente que uma estime a outra, apenas que ambas se entendam.
Permitam-me fazer aqui uma analogia. Nas instituições educacionais, existe o chamado Conselho Escolar. É o órgão colegiado responsável pela gestão da escola, que reúne a direção, pais, professores e funcionários, a fim de decidir assuntos pertinentes às ações da escola sobre os alunos. Todos são livres para votar.
O Diretor da escola determina a ordem da participação de cada membro do conselho, sendo ele Consultivo, Deliberativo, Normativo ou Fiscalizador/Avaliativo. Ele é o líder. Ele permite que as pessoas opinem. Ele promove a fé na educação oferecida. Ele quer o melhor para os alunos. Ele respeita a individualidade dos membros do conselho como respeita a individualidade de cada aluno. Ele é transparente.
Isso é liderar!
(*) – Engenheiro Metalurgista pela Universidade Mackenzie, Mestrado em Alumínio pela Escola Politécnica e Economia pela FGV, é CEO da Thomas Case & Associados.