O ministro Gilmar Mendes, do STF, disse ontem (15), que as próximas eleições municipais poderão ser abastecidas com recursos desviados da Petrobras.
Ele anunciou a criação de uma área de Inteligência no TSE, cuja presidência assume em maio, para que o País “não seja surpreendido” no pleito marcado para outubro.
“Essa é uma questão delicada sobre a qual vamos ter que discutir. Se de fato houve apropriação de recursos ilícitos em montantes muito significativos pode ser que esses recursos venham para as eleições na forma de caixa 2 ou até na forma disfarçada de caixa 1. Vamos ter as doações de pessoas físicas. Pode ser que esses recursos sejam dados a essas pessoas para que façam a doação aos partidos políticos ou aos candidatos. Tudo isso precisa ser olhado com muita cautela”, alertou Gilmar Mendes.
Em São Paulo, onde participou de um evento na sede da Fiesp, o ministro alertou para “os escândalos todos que se acumulam, associados muitas vezes ao financiamento eleitoral”. Criticou enfaticamente o veto às empresas de fazerem repasses nas campanhas – em 2016, pela primeira vez, o processo eleitoral seguirá esse modelo. O ministro não citou nenhum partido, mas apontou para o esquema de propinas na estatal petrolífera desmontado pela Operação Lava Jato.
“Uma questão fácil, típica até do populismo constitucional, ‘ah, agora a gente vai resolver o problema. Ah, a causa da corrupção está no financiamento privado. Logo, tudo o que ocorreu aí, especialmente agora no Petrolão, está associado a esse fenômeno. O próprio Supremo disse que o financiamento privado é inconstitucional, então estamos absolvidos, até anistiados’. Façam o que quiserem, não tomem a gente como bobos. Respeitem a inteligência alheia” (AE).