Denis Del Bianco (*)
Todos os dias nascem aproximadamente cinco mil empresas no Brasil, segundo a Serasa Experian.
No início da operação, é comum que atividades complementares ao negócio – como a contabilidade – acabem sendo terceirizadas. Dessa forma, é possível ter acesso a um recurso especializado de forma mais econômica. Também, a imensidão de dados que as organizações precisam enviar mensalmente ao governo incentiva a terceirização, pois dificulta a realização da gestão pelos próprios empresários, que geralmente possuem conhecimentos básicos sobre o tema.
Conforme a empresa cresce, os proprietários naturalmente sentem a necessidade de ter um controle maior da operação e informações gerenciais mais rápidas e assertivas. Nesse momento, o ganho de sinergia entre as áreas de contabilidade e controladoria é maior do que o benefício anterior. O aumento do volume de dados, filiais e funcionários decorrentes da expansão conferem complexidade à operação e impulsionam a internalização da contabilidade. Quais são os benefícios dessa transição?
Ao internalizar a contabilidade, as empresas passam a ter um profissional, quando não uma equipe inteira, 100% dedicada à organização, o que, entre outros fatores, contribui para um melhor controle dos dados e maior frequência de reportes, aumentando a assertividade nas tomadas de decisões. Contar com um profissional dedicado também aprimora a qualidade das informações inseridas no sistema de gestão, permitindo uma análise mais precisa da operação com base em relatórios e indicadores.
Essas ferramentas permitem visualizar com clareza informações como: prazo médio de pagamento e de recebimento, e a variação do custo dos materiais comprados. A riqueza de detalhes contribui para o apontamento e correções processuais em todas as áreas, bem como para a definição de melhores fluxos de informação entre os departamentos da empresa, de forma que os dados cheguem à diretoria no tempo certo, colaborando para uma gestão mais eficaz.
O aumento da consistência dos dados e da qualidade das informações prestadas ao governo são outros benefícios da internalização. Os colaboradores passam a olhar com mais senso de propriedade as obrigações acessórias, como o eSocial e o Sped Fiscal, que, nos dias de hoje, pedem uma atenção muito mais aguçada aos dados gerados e enviados ao Estado. Além disso, com um controle mais preciso, reduz-se a possibilidade de falhas no processo e o risco de exposição, minimizando multas e autuações devido ao envio de dados fora do prazo determinado.
Outro benefício, ainda que indireto, no processo de internalização da contabilidade é o avanço da maturidade da equipe e dos gestores da empresa. O aumento do controle das informações e a busca por melhoria e assertividade nos processos impulsionam a profissionalização da gestão nas organizações. Além disso, a compreensão dos motivos que levaram a cada um dos resultados e as consequências das decisões contribuem para a evolução dos profissionais, que passarão a prestar mais atenção nos impactos de suas ações e decisões no resultado da empresa. Essa evolução nem sempre acontece de maneira acelerada, mas reflete de forma consistente nos negócios.
Eu citei alguns dos benefícios de internalização da contabilidade. Avalie o momento da empresa e reflita se já chegou a hora de montar o próprio time de contadores. Ter uma pessoa ou equipe dedicada ao processo pode garantir uma gestão mais efetiva e impactar positivamente os resultados financeiros da organização.
(*) – É diretor da TOTVS Consulting.