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A Flórida é aqui

em Opinião
terça-feira, 20 de outubro de 2015

Luiz Augusto Pereira de Almeida (*)

Em meio à grave conjuntura econômica brasileira, o mercado imobiliário também se ressentiu.

Nesse contexto de adversidades, porém, as pessoas devem ficar atentas às oportunidades, que são filhas das crises. Num momento de recessão, aplicar em algo seguro como os imóveis significa ganho certo quando o crescimento do PIB for retomado.

Exemplo concreto desse processo ocorreu no mercado imobiliário dos Estados Unidos, epicentro do crash norte-americano e global desencadeado em 2008. O Estado da Flórida, mais particularmente Miami, tornou-se o paraíso dos compradores brasileiros. Além da queda do valor das casas e apartamentos, o real estava valorizado em relação ao dólar, sobretudo no período entre 2008 e 2011, o que tornou as compras ainda mais atrativas.

O sucesso num negócio, muitas vezes, é fruto da leitura correta das circunstâncias. Na região de Miami, os brasileiros compraram nove por cento das casas e apartamentos vendidos a estrangeiros nos 12 meses anteriores a março de 2010, perdendo apenas para canadenses e venezuelanos, segundo informou, à época, a Associação de Corretores de Miami. De janeiro a abril de 2011, os brasileiros compraram metade dos apartamentos vendidos a estrangeiros na área central de Miami e em Miami Beach.

O tempo passou, o vento virou e, agora, a crise é nossa, e o real está desvalorizado ante o dólar. Ficou mais difícil comprar em Miami? Ora, agora a “Flórida” é aqui. Neste momento, as circunstâncias entregam de bandeja boas oportunidades de investimentos em imóveis, que são o melhor investimento que existe. Trata-se do bem mais seguro, pois é patrimônio sólido, consistente e não algo volátil como os papéis.

No sentido de contribuir para a análise de quem está pensando em fazer um negócio imobiliário, neste momento de crise econômica, seguem-se algumas sugestões e dicas. O segredo é tentar comprar na baixa e vender na alta. É lógico que outras variáveis entram na formação e valorização ou depreciação dos preços, como localização, qualidade da obra, manutenção do imóvel, valor do condomínio, acesso e ocupação do entorno, proximidade de bons equipamentos públicos e privados, como parques, escolas, supermercados, padarias, shopping centers, qualidade da infraestrutura de saneamento básico e segurança.

Imóveis bem localizados e cercados de boa urbanização são mais resistentes a quedas bruscas de preços, mesmo na crise. Porém, de todo modo, bons negócios podem ser feitos. Por outro lado, quando os fatores antes mencionados não influírem tanto, as reduções de preços podem ser bem mais acentuadas.

Outra questão diz respeito à oferta de imóveis na região. Há bairros em São Paulo, alguns nobres, por exemplo, nos quais ocorreu grande número de lançamentos, que agora estão ficando prontos. A enorme oferta, inclusive de investidores, tem puxado os preços para baixo (muita concorrência de produtos semelhantes). Nesses casos, a lei de oferta e procura prevalece e os descontos podem ser significativos. O que é escasso é caro e vice-versa. Trata-se de um excelente momento para negociar uma propriedade nessas localidades.

O mercado imobiliário é cíclico. Ora está em alta, ora em baixa. Neste momento, encontra-se do lado dos compradores. Têm ocorrido até mesmo situações não previstas pelas construtoras: rescisões contratuais e devolução do imóvel. Tal cenário favorece novos adquirentes. Com estoques crescentes, as empresas tendem a negociar maiores descontos do que pessoas físicas, que contam com aquele único imóvel como patrimônio familiar e reserva de valor.

Infelizmente, as crises existem. Entretanto, podem ser superadas com criatividade, estratégia e olhar aguçado para as boas oportunidades.

(*) – É diretor da Fiabci/Brasil e diretor de Marketing da Sobloco Construtora.