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O sexto homem

em Artigos
terça-feira, 29 de setembro de 2015

Tom Coelho (*)

“Se não puder se destacar pelo talento, vença pelo esforço” – Dave Weinbaum

Leandro Barbosa, ou apenas Leandrinho, foi um dos brasileiros a brilhar na liga norte-americana de basquetebol, a NBA. O armador foi eleito o melhor sexto jogador em uma das temporadas. Eu disse “sexto jogador”. Isso significa que ele era considerado um dos melhores reservas do mundo. Iniciava os jogos no banco, sendo chamado a participar no decorrer das partidas quando entrava e decidia: muitos pontos convertidos e ótimas assistências realizadas.

O arqueiro do São Paulo, Rogério Ceni, era apenas o terceiro goleiro do Sinop Futebol Clube nos idos de 1990. Durante o campeonato estadual, o goleiro titular e o primeiro reserva ficaram lesionados. Ceni assumiu a posição e já na partida inaugural defendeu um pênalti. Sua equipe sagrou-se campeã naquele ano e logo depois ele principiaria uma trajetória longa e vitoriosa no São Paulo Futebol Clube.

Os dois exemplos relatados demonstram que não ser o primeiro pode ser uma condição apenas temporária. E a lição é perfeitamente aplicável ao mundo corporativo. A maioria dos profissionais que inicia uma carreira almeja alcançar o topo da pirâmide com a maior velocidade possível. Subir na hierarquia, acumulando dinheiro, poder e realizações. Mas sendo este o desejo de muitos é evidente que o funil de oportunidades é rigoroso. Poucos têm êxito. E mesmo os bem-sucedidos descobrem com rapidez que mais difícil do que chegar ao cume é permanecer lá.

Se você está no banco de reservas, o que simbolicamente equivale a integrar o segundo ou terceiro escalão em sua empresa, aproveite para preparar sua ascensão futura. Assim, aprenda. Enquanto subalterno, seguramente você está vinculado a atividades operacionais. Em lugar de reclamar desta condição, aproveite para aprender tudo sobre o seu trabalho – e sobre o trabalho dos outros.

Além disso, observe. Como você é pouco notado, pode transitar livremente pela companhia e compreender sua estrutura de poder. Pesquise e note quem é quem, como funcionam as relações interpessoais. Olhos abertos e boca fechada. Não é por acaso que ascensoristas e office-boys são tão bem informados. Melhore continuamente. Exercite suas habilidades, eleve sua destreza no exercício das tarefas. Faça mais com menos. Gaste menos tempo executando para sobrar mais tempo para pensar e planejar. Assim você começará a se destacar.

Conheça. Procure estabelecer relações interpessoais verdadeiras. Neste estágio você será avaliado por seus pares pelo que você de fato é e não pela posição que ocupa. E poderá construir uma teia de amizades que lhe dará suporte quando estiver lá em cima. Seja solícito com todos, mas evite entrar em “panelas”! Por fim, prepare-se. Se trabalhar com afinco, esteja certo: sua hora chegará. Por isso, aproveite o distanciamento que sua posição atual lhe confere para lapidar suas competências. Projete a “pessoa ideal”, aquela que vislumbra ser, e planeje sua escalada.

No decorrer deste processo, mudanças poderão acontecer. Talvez você opte por mudar de empresa ou decida redirecionar sua carreira para outra atividade. Alguns atletas descobrem que jamais serão craques, mas podem ser ótimos técnicos. Ou que podem ser apenas o sexto homem e ainda assim fazer toda a diferença.

(*) – É educador, palestrante em gestão de pessoas e negócios, escritor e autor de oito livros ([email protected]) ou  (www.tomcoelho.com.br).