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Semana da Pessoa com Deficiência? E o resto do ano?

em Opinião
segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Dolores Affonso (*)

Temos o dia do surdo, do cego, do ostomizado, da pessoa com Síndrome de Down, autismo e assim por diante. Temos ainda uma semana da pessoa com deficiência intelectual e múltipla (21 a 28 de agosto) em nosso país.

Claro que são datas e conquistas importantes que visam manter a sociedade informada, apoiar os movimentos de inclusão e lembrar a todos de um segmento da sociedade que há muito é esquecido e relegado a segundo plano. Entretanto, me pergunto: E o resto do ano?
É importante nos questionarmos sobre isso! O que tem sido feito durante o resto do ano para promover a inclusão das pessoas com deficiência?

Há alguns dias estive em um evento na OAB-RJ para discutir as políticas públicas destinadas às pessoas com deficiência e me surpreendi de forma positiva e negativa… Mas antes de dizer o motivo, quero ressaltar que lá estiveram reunidos grandes nomes da sociedade civil organizada, bem como representantes do poder público, da sociedade em geral e o grupo de trabalho da OAB-RJ. Foi uma surpresa positiva ver a quantidade de organizações sociais em busca da inclusão, realizando ações maravilhosas com esse objetivo, como a ONG Movimento Down em parceria com a UNICEF, o IBDD, o CVI e tantos outros.

Vi, também, representantes do poder público mostrando as ações e políticas já aplicadas com sucesso. Por outro lado, em meio às reinvindicações, colocações, palestras etc., inclusive de Judith Heumann, Assessora Especial para o Direito da Pessoa com Deficiência dos EUA, que muito ainda precisa ser feito, não somente em termos de ações e projetos para mobilidade urbana, educação inclusiva, inclusão no mercado de trabalho, esportes, lazer, saúde, mas em capacitação dos profissionais, dos agentes públicos, destinação de recursos, preparação das empresas, informação à sociedade e, principalmente, no esclarecimento da própria pessoa com deficiência que, muitas vezes, não tem acesso aos bens e serviços públicos, à cultura, ao lazer, ao mercado de trabalho, à saúde, à educação etc., por não ter informação.

Muito me emocionei com o depoimento de uma mãe que, com um filho com deficiência intelectual, contava sua saga na busca dos direitos do filho para lhe proporcionar uma vida melhor, autonomia e liberdade, para que pudesse ser e se sentir “igual” aos outros jovens de sua idade.

Por isso, criei uma revista gratuita e digital que já conta com mais de 2500 leitores que tem, por objetivo, reunir todas as informações possíveis sobre Acessibilidade e Inclusão (http://flip.it/1wvH7) para que as pessoas com deficiências e quem mais se interessar pelo tema possam estar sempre atualizados sobre o que acontece no Brasil e no mundo em prol da inclusão.

E a realidade que vivenciamos vai muito além da falta de políticas públicas, do preconceito, chegando à completa invisibilidade de mais de 45 milhões de pessoas que “sobrevivem”, em sua maioria, sem o básico. E quando digo básico, não me refiro somente à alimentação e moradia, mas à segurança, à educação, à saúde, à cultura, ao esporte, ao direito de ir e vir, à dignidade, ao respeito, enfim, a uma vida plena, direito de todos garantido na Constituição Federal deste país.

Por isso, novamente, pergunto: o que você está fazendo, governo, empresa, pessoa… ser humano, para promover a inclusão dessas pessoas e garantir uma sociedade melhor, mais justa para todos?

(*) – É coach, palestrante, consultora, designer instrucional, professora e idealizadora do Congresso de Acessibilidade (www.congressodeacessibilidade.com).