José Renato Santiago (*)
Toda ação gera uma reação, uma frase de rápido entendimento, também conhecida, por muitos, como apenas sendo um ditado.
Na verdade há um fundamento muito mais amplo e sólido atrás dela, que diz respeito ao fato de ser a Terceira Lei de Newton, também conhecida como a Lei da Ação e Reação. Tem como princípio ativo o fato de toda interação, ação, entre um corpo A sobre um corpo B, gerar uma reação, de mesma direção e intensidade, no sentido oposto. Esta definição, por mais verdadeira, que seja, é justamente o que faz com ela não se torne aplicável em nosso dia a dia, quer seja em nossa vida pessoal, quer seja na profissional, uma vez que nem a direção, tão pouco a intensidade da reação costuma ser a mesma que a ação a gerou.
A direção é a primeira questão que cabe analisar. O resultado de uma boa ação tem um grande poder de permitir que aqueles que a recebem, sejam multiplicadores da mesma, não apenas para quem a proporcionou, mas em todas as direções. Uma boa ação irradia coisas boas para todos os lados, no caso, para uma quantidade quase infinita de pessoas. Assim como a luz, ela se propaga, invade os espaços, sem pedir licença. Isto é, se alguém nos faz o bem, isto potencializa que a reação seja compartilhada não apenas para a mesma direção e sim para diversas. O mesmo raciocínio pode ser feito quanto a uma ação, digamos não tão boa. Assim como acontece na boa, o direcionamento é disperso e pode atingir uma quantidade inimaginável de pessoas, uma plena temeridade. No caso, algo que contamina.
Uma vez quebrada a Terceira Lei de Newton, já que a reação não possui a mesma direção, cabe considerar a intensidade. Neste caso, a reação a algo bom, pode resultar em uma devolutiva de mesma intensidade, mas que uma vez direcionada para tantos lados, passa a ter o comportamento de uma programação geométrica. Além disso, impossível que o bem se conforte, a ser chamado, para sempre, apenas de “bem”. Na verdade, ele logo se torna em melhor. Talvez por isso, quando alguém que estava doente, é perguntado se está bem, ele normalmente responde, estou melhor. Confesso que está correlação pode não ter sido a melhor, mas é verdade que o simples fato de haver esta transformação é possível notar que a intensidade tende a não ser a mesma, é muito maior. A reação a uma ação não tão agradável segue o mesmo comportamento de potencializar seu impacto junto aos próximos, presentes, nas mais diversas direções.
Mas será que estes entendimentos são cabíveis tanto para a nossa vida pessoal como profissional? É possível constatar que o comportamento de grande maioria das pessoas segue uma lógica obvia. Somos plenamente influenciados por tudo aquilo que nos cerca, quer sejam boas ou não tão boas ações. Se vivemos em um ambiente positivo, irradiamos coisas boas, se ao contrário, contaminamos da mesma forma e de maneira progressiva. Se trabalhamos em organizações que respeitam seus colaboradores, agiremos da mesma forma com os membros de nossas equipes, o que também acontecerá se o contrário acontecer. As diferenças da direção e intensidade acabam por ter uma relevância secundária, uma vez que o que passa a ser considerado mesmo é se a ação é boa ou não.
Por isso mesmo é que deve existir algo maior que permita nos diferenciar, e que talvez tenha mais a ver com a manutenção de nossos valores e plena indepe ndência das ações sobre as quais estamos sujeitos. Pode também ser um equívoco, se considerarmos que o bem deve ser propagado sempre, sem pestanejar. No entanto, o resultado deste “livre arbítrio” pode diminuir a intensidade e a propagação destas coisas boas. Por outro lado, agir desta forma seria certeiro naquelas circunstâncias não tão agradáveis.
De uma forma ou de outra, a verdade é que tudo é motivo de julgamento e neste mundo que hoje nos abraça, gerir nossos sentimentos de forma mais racional, tende a nos dar um equilíbrio destacável. Se feliz, que possamos não transparecer tanto isso, “segurar a onda” da intensidade bem como de sua propagação. Se aborrecidos, que não caíamos tanto, ou que pelo menos isto não seja tão explicitado, uma redoma cheia de tristeza presente em nós mesmos, um perigo.
Mas isto nos faz aproximar justamente ao entendimento inicial que era obedecer integralmente a Terceira Lei de Newton, que toda interação, ação, entre um corpo A sobre um corpo B, gere uma reação, de mesma direção e intensidade, no sentido oposto. Uma pena que o mundo conspire para que ao final estejamos sempre submetidos a alguma regulamentação, formal ou informal, determinada ou natural, uma auto sabotagem a nossa própria perpetuação. Será que é para isso mesmo, que vivemos?
(*) – É professor do MBA Executivo Gestão de Operações e na pós-graduação em Gestão de Projetos em TI da Fundação Vanzolini.