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Tecnologia 28/05/2015

em Tecnologia
quarta-feira, 27 de maio de 2015

Cidades inteligentes e as novas tecnologias

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Para melhorar a vida da população, as grandes cidades terão de criar eficiência no uso de sua infraestrutura e recursos. Para tanto, essas cidades deverão ser geridas por tecnologias de análise de dados, que entreguem informações relevantes, permitindo a seus gestores tomarem melhores decisões e resolverem problemas de forma mais proativa. Além disso, a implantação de tecnologias inovadoras, como a Internet das Coisas (IoT), também vai ajudar a melhorar a sustentabilidade e competitividade dessas cidades

Éderson Frozi (*)

Segundo o Gartner, ainda em 2015 pode haver cerca de 1,1 bilhão de dispositivos conectados, criando ambientes de cidades inteligentes. Esse número deve saltar para 9,7 bilhões dentro de um intervalo de cinco anos. Um exemplo interessante sobre essas aplicações está na cidade de Barcelona, na Espanha. Entre seus projetos, um envolve a instalação de sensores acoplados a lixeiras, postes de iluminação pública e semáforos. Nas lixeiras, os sensores avisam à prefeitura quando os resíduos ocupam 70% da capacidade, evitando a coleta antes que as lixeiras encham. Nos postes, os sensores medem a umidade, a temperatura, a qualidade do ar e a poluição sonora; enquanto nos semáforos coletam informações para que a prefeitura gerencie problemas de trânsito.

Para conectar esses sensores e fornecer informações em tempo real será necessária a integração de tecnologias de redes de comunicação que incluem gateways, redes wireless, sistemas de controle e segurança. E para facilitar a introdução de novos serviços para a população, essa infraestrutura precisa contar com uma plataforma para otimizar a complexidade dessas tecnologias. Esse serviço de otimização, que podem ser considerados como tuning de infraestrutura devido seu poder de entrega e alta performance, deve ser considerado em todos os níveis de rede, seja LAN, WAN ou WLAN.
 

As redes de computadores, que transportam todas essas informações, sofrerão grandes transformações. Um exemplo será a utilização de equipamentos para o envio de dados por meio de uma rede sem fio, como o Access Point, o qual poderá usar a energia solar para se manter ativo, fugindo do modelo convencional de energia, que gera custos. Nas cidades inteligentes, a tecnologia consome grande quantidade de energia elétrica, por isso, a utilização de dispositivos que possam gerar energia solar já é considerada, a fim de trazer significativa economia.

A energia confiável será essencial no desenvolvimento sustentável das megacidades e as tecnologias Smart Grid, que são redes inteligentes de transmissão e distribuição de energia com base na comunicação interativa entre todas as partes da cadeia de conversão de energia, vão mostrar seu diferencial. Elas conectam unidades descentralizadas com os consumidores para formar uma estrutura ampla, controlam a geração de energia e evitam sobrecarga da rede.

Nas cidades inteligentes, conforme mais pessoas, máquinas, processos e objetos forem se conectando, maior será a quantidade de dados a serem processados e apurados. A cadeia de suprimentos será mais controlada e integrada, diminuindo custos e aumentando a escalabilidade e eficiência dos negócios, enquanto desperdícios de materiais e energia serão reduzidos pela otimização dessa cadeia de suprimentos. Ao redor do mundo, essas tecnologias são utilizadas em pequena escala ou em projetos experimentais, mas a tendência é que fiquem cada vez mais acessíveis e que façam parte do nosso dia a dia.

(*) É diretor de Tecnologia da Codi.mobi, empresa querecentemente se fundiu à Nap IT.

3,98% das compras na internet feitas no Brasil são tentativas de fraude, aponta ClearSale

 

As fraudes na internet estão mais visadas, de acordo com dados do Mapa de Fraude no Brasil 2014, realizado pela ClearSale, empresa especializada em soluções antifraude para transações comerciais de diversos segmentos do mercado. Todas as regiões do país fecharam 2014 com crescimento no índice, com destaque para o Norte e Nordeste. No geral, o Brasil concluiu o último ano com média de 3,98%, isto significa que a cada R$ 100 movimentados no comércio eletrônico da região, R$ 3,98 são referentes a uma compra ilegal.
Dono do menor crescimento, a região Sudeste fechou 2014 com índice de 3,57%, contra 3,48% no ano retrasado. Responsável pela manutenção técnica, o Rio de Janeiro foi um dos poucos estados que apresentaram decréscimo no período: de 3,64% em 2013 para 3,32%. Já Minas Gerais e Espírito Santo saíram de 2,15% e 2,12% para 2,93% e 2,99%, respectivamente. São Paulo quase não mostrou movimentação: de 3,88% para 3,89%.

Entre os segmentos com maior procura pelos fraudadores, o Mapa aponta que na região Sudeste aparelhos e jogos de videogame foram os mais buscados, com 13,74%. Telefonia celular (7,09%), eletrônicos (4,89%), informática (3,74%) e artigos esportivos (2,90%) completam a lista.

Analisando o ranking nacionalmente, em comparação com 2013, é possível notar uma inversão nas três primeiras colocações: videogames saiu da terceira posição para a primeira, com 9,93%; celulares perderam a liderança para assumir o segundo posto, com 9,22%; e informática perdeu a vice-liderança e fechou como terceiro segmento mais visado, com 5,99%. Completam a lista eletrônicos, com 5,47%; e produtos automotivos, com 5,04%.

 

Por que o governo brasileiro não dá preferência ao software nacional?

Gérson Schmitt (*)

As compras eletrônicas se consolidaram como um excelente instrumento de governança, transparência e economia para a administração pública no Brasil

Presente no país desde o final da década de 90, esse instrumento gerou o desenvolvimento de grandes projetos referenciais e colocou o Brasil, em 2002, como líder na América Latina e na 18ª posição do ranking mundial da ONU em e-government.
Foi nesse período, quando a internet começou a se tornar um canal imprescindível de comunicação, prestação de serviços e negociação, que a população começou a ter acesso a serviços que antes seriam impossíveis, como a votação eletrônica, acesso aos formulários eletrônicos para Declaração do Imposto de Renda e integração do banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse movimento também trazia a possibilidade de crescimento das empresas brasileiras de software e serviços de TI e também de alçarem projetos internacionais de e-gov.

De todas inovações daquele período, as compras eletrônicas do setor público, iniciadas com o lançamento da BEC- Bolsa Eletrônica de São Paulo, em 2000, seguida por inúmeros outros portais de compras públicas que a sucederam, trouxeram ganhos significativos, especialmente pelo uso do pregão eletrônico regulamentado em 2002.

Apesar da grande evolução nesse segmento, há ainda ajustes importantes a serem feitos na legislação e modelos de operação. Distorções como a atuação do portal do Banco do Brasil, o Licitações-e, que limita o acesso de fornecedores aos processos de compras públicas apenas para aqueles que são seus correntistas – exigindo ainda o pagamento de taxas de serviço, prejudicando, em especial, as MPE (micro e pequenas empresas) – são um flagrante desrespeito à legislação vigente, já denunciado pelas principais entidades representativas do setor de TI, durante evento público promovido pelo TCU, em 2012.

Os investimentos em e-gov dos primeiros anos da virada do milênio não tiveram a mesma intensidade ao longo daquela década nem na seguinte, quando o país passou a dar prioridade ao software livre e tirou o foco da inovação e do fortalecimento do software nacional. Essa ação estratégica desastrosa impediu o país de acompanhar a evolução da tecnologia para e-gov, levando o Brasil a decadente 59ª posição no último ranking mundial de e-gov da ONU, divulgado em 2014, com dados de 2012. Essa situação também vem corroborando para o país despencar nos indicadores mundiais de competitividade.

As diretrizes equivocadas, que mantêm o país em um cenário dissonante com a evolução econômica digital, retiram ou atrasam muito a possiblidade de ser mais competitivo e de ampliar o desenvolvimento da Indústria Brasileira de Software e Serviços (IBSS). Boa parte da deterioração desse cenário pode ser explicada pelas duas principais políticas ou modelos que retiram valor do potencial de inovação e ganho de produtividade que pode trazer o setor de TI para o país: o governo prioriza o software livre, deixando de apoiar de forma decisiva o software nacional e assume o papel de maior concorrente e empregador setorial, com grandes equipes em empresas estatais, o que também já ocorre em governos estaduais. De acordo com o site da ABEP (Associação Brasileira de Entidades Estaduais de TIC), as 27 entidades federativas do país têm empresas de TI de grande porte.

O incentivo ao uso do software livre, com códigos abertos, em detrimento do desenvolvimento do software nacional, vem deixando de lado milhares de boas soluções brasileiras de e-gov que poderiam gerar casos de sucesso no Brasil e exportações. Mesmo com todo apoio do governo desde 2002, o segmento de software livre representa apenas algo em torno de 6% no atendimento ao mercado brasileiro de software.
Outra ação que gera impactos negativos no desenvolvimento do mercado de tecnologia nacional de e-gov está na preferência do governo pela compra de serviços em detrimento de software como solução. Essa escolha gera implementações caras, de longa duração e de alto risco de insucesso, muitas vezes com baixa qualidade e sem um plano de evolução. Ainda estimula ou fomenta um modelo que “comoditiza” um setor de alta tecnologia. Esse modelo pode ser bom para a Índia, mas para o Brasil, onde faltam mais de 100 mil profissionais qualificados de TI e plataformas de software padrão world class, vem gerando déficits crescentes na balança comercial que já ultrapassam USD 7 bilhões por ano.

Ainda temos visto o governo apoiando programas direcionados e discriminatórios como o Portal do Software Público, que aceita apenas registro de software livre. Essa ação agrava-se pelo fato do governo atuar como um broker que apresenta um catálogo eletrônico com ofertas para e-gov, criando um canal de venda para poucas empresas privilegiadas, prejudicando ainda mais as empresas de software nacional de e-gov com propriedade intelectual protegida. A quem interesse essa limitação de concorrência?

Toda essa movimentação considerada prejudicial à Indústria Brasileira de Software e Serviços, associada ao equivocado foco e fomento à exportação de serviços como commodities, comercializados pelo melhor custo homem/hora, fortalecendo o processo de “colonização tecnológica do Brasil”, colocam o país muito abaixo dos países desenvolvidos e emergentes nos indicadores mundiais de e-gov e TIC com papel apenas coadjuvante.
Para reverter esse cenário, o governo precisaria avaliar sua preferência por compra de serviços e software livre para priorizar o fomento ao qualificado software nacional, incumbindo-o do papel de gerar inovações em e-gov e em TI, respeitando a propriedade intelectual das empresas. Essas mudanças trariam um novo período de evolução de serviços e relacionamento com cidadãos e organizações – modelo com o qual Brasil conquistou visibilidade global nos primeiros anos do novo século, quando existiam um ambiente e momento de entusiasmo com a vanguarda em e-gov cada vez mais distante.

(*) É presidente do Conselho da ABES e presidente do Conselho de Administração da Paradigma Business Solutions.