Raphael Levi (*) e Gustavo Traballe (**)
As Pequenas e Médias Empresas (PMEs) desempenham um papel central na economia brasileira, representando cerca de 30% do PIB nacional e empregando mais de 50% da força de trabalho formal, segundo o Sebrae.
Facilitar o acesso ao capital para essas empresas é, portanto, um investimento direto no crescimento sustentável e na modernização da economia do país. Com esse objetivo, o Banco Central aprovou a Regulamentação das Duplicatas Escriturais, um passo crucial para modernizar um dos instrumentos de crédito mais utilizados por pequenas e médias empresas (PMEs) no Brasil.
A introdução das duplicatas escriturais estabelece um modelo padronizado e digitalizado, eliminando problemas recorrentes, como a duplicação de garantias, dando a unicidade da duplicata. Por meio de plataformas autorizadas pelo Banco Central, como B3, CERC e Nuclea, a escrituração e registro das duplicatas passa a ser centralizado, permitindo rastreabilidade em tempo real.
Historicamente, as duplicatas sempre foram uma ferramenta essencial para a obtenção de capital de giro, permitindo que empresas utilizassem seus recebíveis para desconto ou como garantia para captação de recursos. No entanto, esse mercado, para a maioria das instituições financeiras, enfrenta desafios como a falta de padronização, a elevada incidência de fraudes e a dificuldade de rastreabilidade.
Historicamente no Brasil, o bom pagador paga mais caro pelo crédito para compensar os maus pagadores e fraudadores. Com a obrigatoriedade de registro das duplicatas e a gradativa redução dos riscos associados, os empreendedores terão condições mais vantajosas e maior previsibilidade no fluxo de caixa.
Com o uso de algoritmos avançados, cruzamento em tempo real de múltiplas fontes de dados e ferramentas de Inteligência Artificial Generativa, financiadores, especialmente as fintechs, poderão aprimorar a precificação dos créditos oferecidos a cada empresário brasileiro.
Essa abordagem permite a oferta de taxas de juros mais justas e prazos mais alongados, garantindo que as decisões sejam fundamentadas em análises mais robustas e baseadas em dados extremamente confiáveis.
Nesse novo ciclo as fintechs desempenham um papel vital. Enquanto as registradoras são responsáveis pela infraestrutura de registro, cabe às fintechs inovar na entrega de soluções para os clientes finais e de forma mais inclusiva, abrangendo desde a educação sobre as novas regras, até a oferta de produtos financeiros adaptados à realidade das duplicatas escriturais.
Além disso, com o gradativo aumento de padronização e escala, a tendência é uma redução expressiva dos custos operacionais das fintechs, possibilitando operações mais rápidas, eficientes e personalizadas às PMEs de todo o Brasil.
Com um ambiente propício para criar ferramentas que não apenas atendem às exigências regulatórias, mas também colocam os empreendedores em uma posição de destaque, a regulamentação das duplicatas escriturais é um marco histórico para o sistema financeiro brasileiro e cria as bases para um mercado mais eficiente e inclusivo.
Esse novo marco também tem reflexos macroeconômicos: ao democratizar o acesso ao crédito, especialmente para as PMEs, o país pode estimular o empreendedorismo e impulsionar o crescimento econômico.
Nós, que acreditamos na tecnologia como meio à democratização, aguardamos um futuro do mercado de crédito muito mais inclusivo, digital, transparente e justo. – Fonte e outras informações: (https://flipdigital.com.br/).