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A revolução da economia das máquinas e o futuro do trabalho

em Espaço empresarial
terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Fábio Seixas (*)

A ideia de uma economia onde as máquinas não apenas cumprem tarefas, mas também tomam decisões autônomas está rapidamente se tornando uma realidade tangível.

Conhecida como Machine Economy (ME) – ou economia das máquinas – esse conceito sugere um futuro onde a inteligência artificial (IA) e outras tecnologias, como a Internet das Coisas (IoT) e o blockchain, moldam a forma como produtos e serviços são criados, distribuídos e consumidos.

Em vez de simplesmente atuarem como ferramentas, as máquinas começarão a operar como agentes econômicos, tomando decisões e até mesmo negociando entre si, realizando transações sem a necessidade de intervenção humana direta.

O cenário da Machine Economy compartilha uma característica em comum com a Creators Economy – ou economia do criador -, um ecossistema emergente que permitiu que influenciadores e criadores de conteúdo monetizassem produções e audiências diretamente, por meio de plataformas digitais.

No entanto, enquanto a Creators Economy é centrada em seres humanos que criam conteúdo e engajam com os públicos, a Machine Economy será dominada por sistemas inteligentes que não apenas realizam tarefas, mas também criam valor e interagem.

O potencial de transformação trazido por essa economia é imenso. A eficiência, por exemplo, se tornará um dos pilares. Máquinas e dispositivos inteligentes poderão operar sem descanso, corrigindo erros e melhorando continuamente os processos, de maneira que seria impossível para os seres humanos acompanharem em tempo real.

Desde a produção de bens até a entrega de serviços, as empresas poderão se beneficiar de uma produtividade elevada e uma redução significativa nas falhas, o que trará uma revolução na forma como as operações são pensadas no mundo dos negócios. Além disso, a ME promete abrir novas oportunidades. Empresas poderão criar produtos e serviços totalmente novos, com um grau de automação e customização impensáveis em mercados tradicionais.

Por exemplo, máquinas poderão negociar entre si a compra de insumos de produção, e carros autônomos poderão coordenar a coleta de passageiros e as rotas de trânsito, tornando as transações mais rápidas, eficientes e menos suscetíveis a fraudes ou erros humanos. Isso impulsionará uma nova onda de inovação, criando nichos de mercado voltados para a automação.

Outro grande benefício é a redução de custos. Ao eliminar intermediários e retirar a manualidade dos processos, as empresas poderão operar de forma mais enxuta, economizando recursos que, de outra forma, seriam consumidos em atividades administrativas e operacionais. A consequência disso será uma redução nos preços finais dos produtos e serviços para os consumidores, criando um ciclo virtuoso de aumento da competitividade e da acessibilidade no mercado.

No entanto, não se pode ignorar os desafios que essa inovação pode trazer. Muitas funções repetitivas e até complexas poderão ser automatizadas, o que pode resultar em uma diminuição das oportunidades em certos setores. Por outro lado, novas profissões e habilidades serão exigidas, especialmente nas áreas de desenvolvimento e gestão de IA, segurança cibernética e manutenção de sistemas autônomos. Assim, a adaptação será fundamental para que a força de trabalho se mantenha relevante e preparada.

A transparência e a segurança também são aspectos cruciais na Machine Economy. O uso do blockchain, uma tecnologia descentralizada que permite transações seguras e auditáveis, terá o papel de garantir que as interações entre máquinas sejam transparentes e confiáveis. Esse modelo fortalece a segurança dos dados e também cria um sistema econômico mais ético e sustentável, pois as partes envolvidas poderão acompanhar, de forma clara e rastreável, cada transação realizada.

O impacto da ME será, portanto, profundo. Não é apenas um avanço técnico, mas uma verdadeira mudança na forma como as economias operam. Por mais que se trate de uma transição gradual, ela pode redefinir as noções de produção, troca e valor no mercado.

O cenário que antes parecia distante, com a capacidade de adaptação por parte das empresas, se tornará cada vez mais palpável.

(*) – É CEO da Softo (https://sof.to/pt-BR).