Chamado pelos americanos de Pig Butchering, que pode ser traduzido como Abate do Porco, o golpe levou a Meta a remover de suas redes sociais cerca de 2 milhões de contas suspeitas de estarem relacionadas a esse golpe, a maior parte delas pertencendo, principalmente, a usuários de Mianmar, Laos, Camboja, Emirados Árabes Unidos e Filipinas.
Vivaldo José Breternitz (*)
O nome do golpe refere-se ao ato de levar um porco – a vítima – ao abate após um período em que ela é “engordada” pelo golpista. Nesse período, o criminoso aproxima-se dá vítima através de uma rede social, de forma a ganhar sua confiança.
Quando a confiança é estabelecida, o golpista convida a vítima a investir em um esquema de enriquecimento rápido, geralmente baseado em criptomoedas, quando então ocorre o “abate”, ou seja, a transferência de recursos financeiros da vítima para o criminoso, que desaparece em seguida.
Como nos golpes onde o criminoso procura construir um relacionamento amoroso com a vítima, o estágio inicial é frequentemente sofisticado, com a amizade sendo construída lentamente até que a confiança seja conquistada. Os golpistas geralmente levam o relacionamento para aplicativos com menos moderação, como o Telegram, deixando de usar Facebook, WhatsApp ou Instagram, que em tese tem ferramentas que podem detectar golpes com alguma antecipação.
O FBI disse que nos últimos anos tem havido um aumento acentuado de golpes desse tipo; apenas em setembro, americanos perderam US$ 4 bilhões para esses golpistas – um valor recorde.
Segundo a Bloomberg, um estudo publicado este ano mostrou que desde 2020 esses golpistas roubaram mais de US$ 75 bilhões das vítimas ao redor do mundo.
Casos como esses mostram como as redes sociais são extremamente perigosas, e que relacionamentos estabelecidos através delas devem ser conduzidos com extrema cautela, lembrando sempre que se algo parece muito bom para ser verdade, quase nunca é.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].